'Catástrofe absoluta', prevê europeu sobre Bolsonaro na presidência
Francisco Assis comentou, ainda, a tensão que se vive neste momento na fronteira do Brasil com a Venezuela
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Mundo Francisco Assis
Há menos de três meses, Francisco Assis esteve em Roraima, para chefiar uma Delegação do Parlamento Europeu ao Estado, programada em conjunto com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os refugiados e se inteirar da tensão vivida na fronteira do Brasil com a Venezuela.
Nesta “pequena e pobre cidade”, o eurodeputado viu com os seus próprios olhos “muitas dificuldades e um potencial de conflito muito grande”, contudo, sublinha, numa entrevista dada à SIC Notícias na noite desta quinta-feira, que não presenciou atitudes xenófobas ou racistas por parte do povo brasileiro em relação aos milhares de venezuelanos que estão fugindo, devido à crise econômica e humanitária do país chefiado por Nicólas Maduro, para os países vizinhos.
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Apesar de, na semana passada, a situação ter degenerado em violência e de o Presidente do Brasil, Michel Temer, ter autorizado o uso das Forças Armadas para manter a segurança em Roraima, Francisco Assis não acredita que o Brasil feche a fronteira.
“Há ali uma grande tradição de convívio entre brasileiros e venezuelanos, há uma ligação de relações transfronteiriças muito grande. Agora, é evidente que quando, de repente, uma cidade com 250 mil habitantes, relativamente pobre, é obrigada a acolher 60 mil pessoas, começam a surgir pequenos problemas que no dia-a-dia se vão agonizando, mas não creio que se fechem as fronteiras”, frisa aproveitando para apontar o dedo à classe política brasileira que diz ser uma das culpadas pelo aumento da tesão na fronteira entre o Brasil e a Venezuela.
“O fato do Brasil estar vivendo um período pré-eleitoral está prejudicando a resolução do problema. A classe política, que nós infelizmente conhecemos no Brasil, está tentando criar umas certas paixões xenófobas com o intuito de recolherem vantagens eleitorais”, acusa, adiantando, contudo, que não acredita que Jair Bolsonaro, candidato de extrema-direita que surge em segundo lugar nas sondagens, seja eleito.
“Estou absolutamente convencido que, apesar de Bolsonaro estar à frente, como o sistema eleitoral no Brasil é um sistema a duas voltas, tem um índice de rejeição enorme que praticamente impossibilita a sua eleição numa segunda volta. Mas se isso acontecer é uma catástrofe absoluta, estamos perante um indivíduo com um discurso claramente extremista, de extrema direita, racista, xenófobo e inqualificável em vários sentidos e se os brasileiros cometerem essa loucura coletiva é evidente que isso teria consequências tremendas em todos os sentidos para o Brasil”, explica.
O presidente da Comissão do Parlamento Europeu para o Mercosul garante ainda que os brasileiros não têm com que se preocupar, visto que, muitos venezuelanos não querem ficar, querem sim utilizar o Brasil para chegar ao Chile ou à Argentina.
Durante a entrevista houve, ainda, tempo para Francisco Assis descrever as pessoas que encontrou durante a sua viagem a Roraima. O eurodeputado encontrou sobretudo casais jovens com filhos que procuram, desesperadamente, encontrar a paz nos países vizinhos. Pessoas, muitas vezes com educação e que já tiveram um bom nível de vida, mas que agora nem acesso a comida ou medicamentos tinham.
Questionado sobre se seria candidato pelos socialistas às próximas eleições europeias, Francisco Assis preferiu fugir ao assunto.