ONU lança estratégia contra escravidão moderna e tráfico humano
Ele também espera que a estratégia ajude a levantar recursos para combater o trabalho escravo
© DR
Mundo Nobel
A ONU lançou nesta segunda-feira (24) uma estratégia com o objetivo de reunir recursos do setor empresarial para financiar o combate à escravidão moderna e ao tráfico humano. A iniciativa tem entre os principais fomentadores o bengali Muhammad Yunus, prêmio Nobel da Paz em 2006 por criar o Grameen Bank, instituição de microcrédito.
"A pobreza não é criada pelos pobres, e sim pelo sistema que é criado em torno da pobreza. Sem oportunidades, as pessoas são obrigadas a deixar o lugar que estão em busca de uma vida melhor", afirmou. A iniciativa, acrescentou, é importante para falar sobre o tema. "Podemos esperar alguma atenção para o que está acontecendo, falar sobre os assuntos fundamentais por trás disso, por que as pessoas se movem de um lugar para o outro. Porque elas não têm nenhuma vida", afirmou.
Ele também espera que a estratégia ajude a levantar recursos para combater o trabalho escravo. "É para ajudar a resolver o problema que eles enfrentam, que é um problema para todos."
O jornalista brasileiro Leonardo Sakamoto, que é um dos comissários da estratégia, diz que a comissão busca envolver o setor financeiro global na causa. Sakamoto é diretor da ONG Repórter Brasil e seu representante na Comissão Nacional para a Erradicação do Trabalho Escravo, além de conselheiro do Fundo das Nações Unidas para Formas Contemporâneas de Escravidão, em Genebra.
"Existe um importante papel a ser desempenhado pelo setor empresarial, em vários lugares do mundo", disse. A estratégia se insere no objetivo de acelerar a mobilização financeira para cumprir a agenda 2030 da ONU para o desenvolvimento sustentável."
Governos, instituições financeiras internacionais e os mercados financeiros privados deveriam adequar diretamente os fluxos de recursos para o investimento sustentável", segundo o documento divulgado durante o lançamento da comissão. Como parte da estratégia, a ONU vai aproximar formuladores de políticas e reguladores financeiros, assim como inovadores no espaço de finanças digitais e fintechs, para trocar informação e experiência em instrumentos financeiros inovadores e boas práticas.
O Secretariado Geral da ONU vai oferecer um mapa de ação para três anos com iniciativas, trabalhando em cima de atividades atuais e futuras dos participantes, para mobilizar investimentos e apoio para financiar a agenda 2030 da organização.
Durante o lançamento, Timea Nagy, nascida na Hungria, falou sobre a experiência de ter sido vítima de tráfico humanos, aos 20 anos. Ela foi enviada ao Canadá e ficou sob poder de mafiosos."Tentei conseguir ajuda, e ninguém acreditava em mim. Levei 15 anos para reconstruir minha vida", contou. Com informações da Folhapress.