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Nobel da Paz vai para luta contra violência sexual como arma de guerra

Médico do Congo e ativista dos direitos humanos yazidis, que foi escrava sexual no Iraque, foram premiados

Nobel da Paz vai para luta contra violência sexual como arma de guerra
Notícias ao Minuto Brasil

08:26 - 05/10/18 por Folhapress

Mundo Prêmio

O prêmio Nobel da Paz de 2018 foi concedido nesta sexta-feira (5) ao médico congolês Denis Mukwege e à ativista yazidi Nadia Murad por seus esforços contra o uso de violência sexual como arma de guerra. 

Ao anunciar a premiação, o comitê do Nobel afirmou que o ginecologista Mukwege, da República Democrática do Congo, tem sido "o símbolo principal e mais unificador tanto nacional quanto internacionalmente da luta para pôr fim ao uso de violência sexual em guerras e conflitos armados". 

Nadia Murad, membro da minoria religiosa yazidi no Iraque, foi capturada pelo Estado Islâmico em 2014, estuprada repetidamente e sujeitada a outros abusos. Segundo o comitê, ela demonstrou "coragem incalculável ao recontar seu próprio sofrimento".

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"Denis Mukwege é o agente que devotou sua vida a defender essas vítimas. Nadia Murad é a testemunha que nos conta dos abusos cometidos contra ele e outros", afirmou Berit Reiss-Andersen, presidente do Comitê do Nobel.

"Ambos colocaram sua própria segurança pessoa em risco ao combater de forma corajosa crimes de guerra e assegurar justiça para as vítimas", acrescentou. "Um mundo mais pacífico só pode ser alcançado se as mulheres, sua segurança e os direitos fundamentais são reconhecidos e preservados em tempos de guerra."

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A ONU celebrou o "anúncio fantástico, que ajudará a fazer avançar o combate contra a violência sexual como arma de guerra nos conflitos".

"É uma causa muito importante para as Nações Unidas", afirmou a porta-voz da ONU em Genebra, Alessandra Vellucci.

A premiação ocorre após um ano em que o abuso de mulheres esteve no centro do debate internacional.Questionada sobre o movimento Me Too inspirou a premiação deste ano, Reiss-Andersen afirmou: "Me Too e crimes de guerra não são exatamente a mesma coisa. Mas eles têm em comum o fato de verem o sofrimento das mulheres, o abuso a mulheres, e é importante que mulheres deixem para trás o conceito de vergonha e falem."

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Mukwege lidera no hospital Panzi, na cidade de Bukavu, na República Democrática do Congo. Aberta em 1999, a clínica atende milhares de mulheres todos os anos, muitas das quais necessitam de cirurgia após a violência sofrida.

Homens armados tentaram matá-lo em 2012, fazendo com que deixasse temporariamente o país. Aos 25 anos, Murad é a segunda laureada mais jovem na história do Nobel da Paz. A mais nova continua sendo a paquistanesa Malala.

Ela foi capturada pelo Estado Islâmico ao lado das irmãs no vilarejo de Kocho, na província iraquiana de Sinjar, no norte do Iraque. Perdeu seis irmãos e a mãe quando os extremistas mataram todos os homens e todas as mulheres consideradas velhas demais para serem sexualmente exploradas. Murad conseguiu escapar após três meses.

Em 2016, Murad obteve o premiê de direitos humanos concedido pela União Europeia, o Sakharov, ao lado também yazidi  Lamiya  Aji  Bashar. No mesmo ano, ela obteve o premiê de direitos Václav Havel, concedido pelo Conselho Europeu. 

Aos 23 anos, ela foi indicada como a primeira Embaixadora da ONU para a Dignidade dos Sobreviventes de Tráfico Humano. 

Em 2017, Murad publicou o livro de memórias "The Last Girl" ("A Última Menina", sem edição em português). "A certo ponto, havia estupro e nada mais. Isso se tornava seu dia normal", escreveu. 

Estima-se que 3 mil mulheres e meninas yazidi tenham sido vítimas de violência sexual e outros abusos pelo Estado Islâmico.

Mukewege e Murad não foram ainda informados da informação pelo comitê."Se vocês estão assistindo isso, meus parabéns." 

O prêmio em 2018 é de 9 milhões de coroas suecas, o equivalente a US$ 1,01 milhão ou R$ 3,9 milhões. No ano passado, o premiado foi a Campanha Internacional para Abolir as Armas Nucleares. 

A premiação será entregue em Oslo em 10 de dezembro, aniversário da morte do industrial sueco Alfred Nobel, que criou a premiação em seu testamento, em 1895. Com informações da Folhapress.

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