Papa ordena investigação em arquivo vaticano sobre pedofilia
Medida analisará histórico do cardeal Theodore McCarrick
© Ints Kalnins/Reuters
Através de um comunicado, o Vaticano afrontou neste sábado (6) as críticas do arcebispo italiano Carlo Maria Viganò, que acusou o papa Francisco de ter ignorado informações sobre abusos sexuais cometidos pelo cardeal americano Theodore McCarrick.
Após semanas de silêncio, o Vaticano informou que o Papa, "preocupado com o efeito na consciência dos fieis", pediu que fosse explicado que, em setembro de 2017, a arquidiocese de Nova York notificou a Santa Sé de que um homem acusava o então cardeal McCarrick de abusos sexuais cometidos nos anos 70.
"O Papa, então, ordenou uma investigação prévia e aprofundada, que foi conduzida pela Arquidiocese de Nova York e, depois, transmitida à Congregação para a Doutrina da Fé", disse a nota publicada hoje.
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"Durante a investigação, surgiram graves indícios, e o Papa aceitou a renúncia de McCarrick do colégio cardinalício". No entanto, o comunicado do Vaticano também anunciou que, "diante de novas acusações" contra McCarrick, Francisco decidiu ordenar um aprofundamento nas investigações através de uma análise de todos os documentos dos Arquivos Oficiais da Santa Sé relacionados ao religioso, "com o objetivo de apurar os fatos relevantes, situando-os em seu contexto histórico e avaliando-os com objetividade".
"A Santa Sé sabe que, da análise dos fatos e das circunstâncias, podem emergir decisões que não sejam coerentes com a posição adequada a tais questões. Todavia, como disse o papa Francisco, 'seguiremos no caminho da verdade, independente de onde ele possa levar' (Filadélfia, setembro de 2015)", ressalta a nota. "
Tanto os abusos quanto seus encobrimentos não podem ser mais tolerados. E um tratamento diferenciado para os bispos que os cometeram ou que os encobriram representa uma forma de clericalismo não mais aceitável", conclui o comunicado.
Viganò, que é ex-núncio apostólico em Washington, divulgou em agosto um dossiê no qual afirma que Francisco ignorou as denúncias de pedofilia contra Theodore McCarrick. Apesar da denúncia ter mais de um ano, o religioso só foi afastado em julho deste ano. Devido a isso, Viganò pediu no dossiê a renúncia do Papa, que evitou comentar diretamente a acusação. (ANSA)