Papa aceita renúncia de arcebispo acusado de proteger pedófilos
O documento, feito pelo júri da Pensilvânia (estado onde fica Pittsburgh), não acusou o religioso de abuso, mas afirmou que ele não tomou as medidas necessárias para conter os ataques
© Alessandro Bianchi/Reuters
Mundo de Washington
O papa Francisco aceitou nesta sexta-feira (12) o pedido de demissão do cardeal americano Donald Wuerl de seu cargo de arcebispo de Washington, após ser acusado de acobertar padres pedófilos, afirma um comunicado do Vaticano.
Wuerl havia anunciado em setembro sua intenção de apresentar sua renúncia ao pontífice. Ele foi citado em um relatório que revelou um escândalo de abusos sexuais de padres contra crianças.
O documento, feito pelo júri da Pensilvânia (estado onde fica Pittsburgh), não acusou o religioso de abuso, mas afirmou que ele não tomou as medidas necessárias para conter os ataques e não fez o suficiente para proteger as crianças.
Antes de ser arcebispo de Washington, Wuerl foi bispo de Pittsburgh entre 1988 e 2006. Ele é um dos nomes mais importantes da Igreja citados no relatório e houve pressão por sua renúncia.
Divulgado no dia 14 de agosto, o relatório do júri foi baseado em uma investigação de dois anos feita ne Pensilvânia que mostrou que mais de mil crianças foram abusadas por cerca de 300 clérigos em um período de 70 anos. Estima-se que o número de vítimas pode ser ainda maior.
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O relatório de 900 páginas menciona Wuerl nominalmente mais de 200 vezes e contesta a imagem que o cardeal vem procurando projetar, de líder que sempre se posicionou em defesa das vítimas.
O texto diz que Wuerl avisou o Vaticano, em 1989, que diversos padres tinham sido acusados de abusar de crianças, mas nos anos seguintes ele autorizou que alguns deles fossem enviados a outras paróquias ou se aposentassem e não avisou as autoridades.
Em um dos casos, o cardeal ajudou um dos padres acusados a conseguir um empréstimo, ficando pessoalmente responsável por pagar a conta caso algo desse errado. No fim de agosto, a diocese de Pittsburgh removeu o nome de Wuerl de uma escola local. Com informações da Folhapress.