Brasileiro preso no Paraguai convoca coletiva e admite crimes
Segundo investigadores, estratégia do traficante é evitar a extradição, pois prefere permanecer em prisões paraguaias
© Jorge Adorno/Reuters
Mundo Tráfico
O traficante carioca Marcelo Pinheiro Veiga, o Marcelo Piloto, convocou nessa terça-feira (6) uma entrevista coletiva para dizer que não é terrorista. Em meio a jornalistas, o criminoso confessou vários crimes, incluindo um homicídio do qual foi inocentado pela Justiça.
Apontado como um dos maiores traficantes de armas e drogas da América do Sul, Piloto está preso no Paraguai desde dezembro do ano passado. Desde então, já foram realizadas ao menos seis tentativas de resgatá-lo.
Segundo o 'Extra', com informações da polícia local, a última investida ocorreria no mês passado e contaria com o uso de um carro-bomba. Os artefatos seriam lançados por comparsas contra um muro do quartel. O plano era executado por outros três brasileiros, que foram mortos por militares. No interior do veículo onde os criminosos estavam havia 84 quilos de explosivo em gel. Essa apreensão teria levado o traficante a convocar a imprensa.
Não estou dizendo que eu sou inocente. Mas não sou terrorista, nunca fui, não admito. Jogaram coisas em cima de mim que não são verdadeiras."
O traficante de 43 anos se mostrou bem confortável durante a coletiva, não usava algemas e gesticulava bastante. Piloto confessou que pagava propinas a policiais paraguaios para não ser preso, revelou esquema de venda de drogas e armas e afirmou que é membro do Comando Vermelho, a maior facção criminosa do Rio de Janeiro.
Todo mundo sabe que me dedico ao comércio de armas e drogas. Compro em Assunção e vendo em Ciudad del Este. Compro em Assunção e vendo em Pedro Juan Caballero, em Salto del Guairá."
Segundo ele, o ingresso na facção aconteceu quando foi preso pela primeira vez: "Quando alguém é preso no Brasil, tem que escolher uma facção. Como eu estava num setor que era do Comando Vermelho, me associei".
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Piloto disse ter sido sequestrado por policiais paraguaios em 2015. Como resgate, teria dado dinheiro e um carro de luxo. "Pagava muito para receber proteção da polícia, e tenho provas disso. Se alguma autoridade se interessar, falo tudo", ameaçou.
Seguindo com críticas às autoridades, o traficante confessou ter cometido um homicídio no país vizinho, pelo qual foi absolvido. "Eu matei uma pessoa, e fui absolvido. Isso é impunidade ou não é? Isso é o Paraguai", disse ele.
Ainda de acordo com o 'Extra', a Polícia Federal brasileira afirmou que confessar crimes cometidos no Paraguai foi uma forma que Piloto encontrou de não ser extraditado para o Brasil. Segundo investigadores, o criminoso acha mais fácil fugir das cadeias do país vizinho.
Marcelo Piloto foi condenado a 26 anos de prisão pela Justiça do Rio e responde a vários processos. No Brasil, ele provavelmente seria enviado para uma penitenciária federal de segurança máxima.
O ministro do Interior do Paraguai, Juan Ernesto Villamayor, disse que Piloto misturou, estrategicamente, “coisas verdadeiras e falsas” na coletiva. "Vamos analisar tudo, porque a finalidade dele é evitar a a extradição", informou.