G20 terá Brasil coadjuvante e 'guerra' entre EUA e China
Líderes se reúnem entre sexta-feira e sábado em Buenos Aires
© REUTERS/Marcos Brindicci
Mundo Cúpula
Sustentabilidade
A pauta da sustentabilidade será outro ponto chave em discussão. O Brasil anunciou nesta quarta-feira (28) a retirada da candidatura para receber a COP-25, conferência climática das Nações Unidas para negociar a implementação do Acordo de Paris. O governo alegou "restrições fiscais" para justificar a desistência, mas Bolsonaro afirmou que pediu o cancelamento da candidatura por acreditar que os termos do acordo diminuiriam a soberania nacional e atrapalhariam o crescimento do país.
"Já há um efeito negativo fora do Brasil sobre a pauta da sustentabilidade, os países do G20 estarão olhando com muita cautela. Isso manda um sinal que você terá inimigos da mudança do clima em Brasília", diz Matias Spektor. O professor lembra que a oposição à pauta climática é alvo de resistência dentro de um dos setores que forma a base política do presidente eleito, que é o agronegócio, já que os produtores rurais sofrem resistência no mercado internacional caso não respeitem as bases dos acordos internacionais.
Turbulências
Antes de assumir o poder, Bolsonaro já causou turbulência em outras frentes, como nas relações com países árabes, que, juntos, são o segundo maior comprador de carne brasileiro e geram um superávit comercial de US$ 7 bilhões ao país. Ele anunciou a intenção e transferir a embaixada brasileira em Israel para Jerusalém, assim como já fizeram Estados Unidos e Guatemala. Após a declaração, o Egito cancelou uma visita oficial do atual ministro das Relações Exteriores, Aloysio Nunes Ferreira, alegando problemas de agenda. Nesta terça-feira (27), o filho de Bolsonaro, em visita aos Estados Unidos, reafirmou a mudança da representação diplomática, mas a decisão ainda não foi confirmada pelo presidente eleito.
A China, maior parceiro comercial do Brasil, também demonstrou preocupação com as posições do presidente eleito. Em editorial no jornal estatal "China Daily", em 1º de novembro, o governo afirma que as críticas de Bolsonaro [feitas durante a campanha eleitoral], associadas a uma política econômica protecionista [que não vem sendo sinalizada por Bolsonaro], podem custar caro à economia brasileira, que acaba de sair da pior recessão de sua história". O texto compara o presidente brasileiro eleito ao mandatário norte-americano, chamando Bolsonaro de "Trump Tropical".
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Segurança
Após a confusão que causou o adiamento da final da Copa Libertadores da América entre River Plate e Boca Juniors, no último fim de semana, cresceu a preocupação com a segurança dos líderes internacionais que estarão em Buenos Aires por dois dias.
O G20 deve trazer mais de 10 mil pessoas para a cidade, entre delegações de governos, funcionários, empresários, representantes de entidades internacionais, governamentais e jornalistas. Haverá três anéis de segurança em volta do Costa Salguero, prédio que receberá as reuniões. Após as 15h desta quinta-feira (29), somente carros oficiais poderão ultrapassar os bloqueios. Pelo menos 33 protestos e eventos culturais estão planejados para os dias da cúpula. A preocupação fez com que o governo decretasse feriado em Buenos Aires nesta sexta-feira (30) e paralisasse o funcionamento do transporte público na cidade, afetando 12 milhões de argentinos.
O Aeroparque Jorge Newbery, aeroporto mais próximo ao centro de Buenos Aires, será fechado para voos comerciais, que serão concentrados no Aeroporto Internacional de Ezeiza. O governo federal mobilizará mais de 13 mil membros de suas forças de segurança como Exército, Polícia Federal e Polícia Aeroportuária. A prefeitura e a província de Buenos Aires destacarão nove mil policiais na operação. As forças argentinas trabalharão em conjunto com equipes de segurança norte-americanas, que fornecerão aviões, radares e embarcações militares. (ANSA)