Papa critica líderes nacionalistas que 'temem estrangeiros'
Pontífice mandou mensagem a líderes políticos sobre a paz
© Max Rossi / Reuters
Mundo Recado
O papa Francisco fez hoje (18) uma dura crítica a governantes que adotam políticas baseadas no nacionalismo, no racismo, na xenofobia, no desrespeito aos direitos humanos e na exploração do meio ambiente.
"Hoje em dia vivemos em um clima de desconfiança que se enraíza no medo do estrangeiro, na ânsia de perder as próprias vantagens. E se manifesta, frequentemente, a nível político, através de mecanismos de isolamento ou nacionalismos que colocam em discussão a fraternidade que nosso mundo globalizado tem tanta necessidade", afirmou, em mensagem pelo Dia Mundial da Paz de 2019, celebrado todo 1 de janeiro.
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O Papa classificou como "insustentáveis" os discursos políticos que tendem a "acusar os imigrantes de todos os males e a provar os pobres da esperança", relembrando os 70 anos da Declaração Universal dos Direitos Humanos e os 100 anos do fim da Primeira Guerra Mundial. "A boa política está a serviço da paz. Ela respeita e promove os direitos humanos fundamentais, que são igualmente deveres recíprocos, de maneira que, entre as gerações atuais e as futuras se tenha uma ligação de confiança e de reconhecimento", disse Jorge Mario Bergoglio.
A mensagem do Papa traz também outros elementos que Francisco tem defendido desde que tomou posse como líder católico, em 2013, como os direitos humanos e o meio ambiente. Francisco listou o que chamou de "vícios" da política, que seriam a "corrupção, em forma de apropriação indevida de bens públicos ou de instrumentalização das pessoas"; a "negação ao direito e a falta de respeito às leis comunitárias; "o enriquecimento ilícito"; "a justificativa do poder mediante a força ou com pretexto arbitrário da razão do Estado"; a "tendência a se perpetuar no poder"; "a xenofobia e o racismo"; a "negativa de tomar conta do planeta Terra"; "o uso ilimitado de recursos humanos"; e o "desprezo pelos forçados ao exílio". "Toda renovação dos cargos eletivos, eleição ou etapa da vida pública constitui uma ocasião para tornar à fonte e às referências que inspiram a justiça e o direito", disse o Papa, no texto divulgado pela Santa Sé.
A declaração de Francisco é feita em um momento no qual a imigração e o nacionalismo são questões polarizadoras em vários países do mundo, como os Estados Unidos e Itália. Francisco já fez críticas a políticas adotadas pelo presidente norte-americano, Donald Trump, e pelo vice-premier italiano de extrema-direita, Matteo Salvini, nas questões imigratórias. Salvini, após a divulgação do texto de Francisco, disse concordar com as ideias do Papa, mas alegou que a esquerda também promovia o racismo. "Acolho o apelo. Quando o papa ataca os racistas na política, faz muito bem, porque na Itália também houve, por muitos anos, um racismo de esquerda", afirmou. (ANSA)