Exército da Venezuela prende militares que se rebelaram contra governo
No começo da tarde, as ruas estavam desertas e escutava-se um "panelaço" vindo de dentro das casas da região
© Carlos Garcia Rawlins/Reuters
Mundo Guarda Nacional
Um grupo de oficiais de baixa patente da Guarda Nacional Bolivariana que tinha se rebelado durante a madrugada desta segunda-feira (21), no quartel de Cotiza (ao norte de Caracas), foi preso pelo Exército no início da manhã.
Habitantes do bairro, movidos inicialmente pela curiosidade e depois revoltados com o ocorrido com os soldados, começaram uma manifestação na rua, também reprimida com gases lacrimogêneos.
No começo da tarde, as ruas estavam desertas e escutava-se um "panelaço" vindo de dentro das casas da região, segundo uma transmissão ao vivo realizada pela jornalista Luz Mely Reyes, do site Efecto Cocuyo.
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De acordo com um comunicado oficial, os rebeldes haviam assaltado um comando localizado no bairro do Petare e de lá teriam levado armamentos. O texto diz também que os oficiais se renderam quando chegou a Cotiza uma patrulha do Exército chefiada pelo capitão Gerson Soto Martínez.
Antes de serem presos, os oficiais rebeldes gravaram vídeos em que diziam desconhecer a autoridade do ditador Nicolás Maduro e pedindo apoio da população civil. O líder da rebelião foi identificado como o sargento Valdrén Figueroa.
Por meio das redes sociais, o ministro da defesa, Vladimir Padrino López, disse que, sobre os oficiais rebeldes, cairá "todo o peso da lei".
Um dos líderes da oposição e ex-candidato a presidente, Henrique Capriles (Primeiro Justiça), apoiou o levante dos oficiais de Cotiza e disse que se trata de um exemplo do descontentamento dentro das Forças Armadas do país.
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Porém, fez um alerta. "Uma coisa é a cúpula, outra é a tropa. Ninguém nega que há um descontentamento e que a fome e a crise econômica também afetam os soldados e suas famílias, mas é preciso que se mobilizem também os da alta cúpula".
Depois, voltou a postar nas redes sociais que "a situação do país é insustentável, todos os dias a crise econômica aumenta. O regime quer uma guerra? Isso nunca será uma solução".
Já o presidente da Assembleia Nacional, Juan Guaidó, disse que não gostaria de ver "uma divisão das Forças Armadas, e sim que toda a família militar se junte a seu movimento".
Segundo o jornal Miami Herald, ex-generais do Exército, hoje exilados nos EUA, apoiam Guaidó. "Estamos num momento parecido ao de 2002" (quando um golpe de Estado derrubou Hugo Chávez do poder)", disse o general Herbert García Plaza, que hoje vive em Washington. "As Forças Armadas hoje não têm o desejo de ir contra a população, caso haja protestos muito numerosos", disse ao jornal norte-americano.
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Por outro lado, o presidente do Tribunal Supremo de Justiça, Juan José Mendoza, disse que as ações da Assembleia Nacional, desde que está em desacato, ou seja, desde a presidência de Julio Borges (2017) até a atual, de Juan Guaidó, são nulas. "A Assembleia Nacional não tem uma junta diretora válida, portanto está agindo fora da lei ao incitar a população a atos públicos. A nulidade de seus atos é absoluta."
Mendoza disse, também, que não se pode aplicar o artigo 350 da Constituição, como pede a Assembleia Nacional, que permite a desobediência civil em caso de o governante estar abusando de seu cargo e desrespeitando as leis do país. Com informações da Folhapress.