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Papa alerta para 'desinformação e distorção de fatos' na web

Francisco disse que redes se tornaram vitrine do narcisismo.

Papa alerta para 'desinformação e distorção de fatos' na web
Notícias ao Minuto Brasil

11:59 - 24/01/19 por Ansa

Mundo Pronunciamento

Em mensagem por ocasião da Jornada Mundial das Comunicações Sociais, o papa Francisco alertou nesta quinta-feira (24) para a "desinformação" e a "distorção consciente dos fatos" compartilhados na internet. No texto, o Pontífice reforça que "a rede é um recurso do nosso tempo: uma fonte de conhecimentos e relações outrora impensáveis". No entanto, diversos especialistas "destacam também os riscos que ameaçam a busca e a partilha de informação autêntica à escala global", principalmente em decorrência das "transformações impressas pela tecnologia às lógicas da produção, circulação e fruição dos conteúdos". "Se é verdade que a internet constitui uma possibilidade extraordinária de acesso ao saber, verdade é também que se revelou como um dos locais mais expostos à desinformação e à distorção consciente e pilotada dos fatos e relações interpessoais, a ponto de muitas vezes cair no descrédito", alerta Francisco.

O líder da Igreja Católica reconheceu que mesmo as redes sociais servindo para conectar melhor as pessoas, elas prestam-se também a "um uso manipulador dos dados pessoais, visando obter vantagens no plano político ou econômico, além de não respeitar as pessoas e seus direitos".

"Entre os mais jovens, os dados revelam que um em cada quatro adolescentes está envolvido em episódios de cyberbullying", acrescenta o Santo Padre. Na mensagem pelo 53º Dia Mundial das Comunicações, que será celebrado no dia 2 de junho, sob o tema "Somos membros uns dos outros. Das comunidades de redes sociais à comunidade humana", Francisco recordou que "desde quando a internet está disponível, a Igreja sempre procurou promover o seu uso ao serviço do encontro entre as pessoas e a solidariedade entre todos". Entretanto, no "cenário atual, salta aos olhos de todos como a comunidade de redes sociais não seja, automaticamente, sinônimo de comunidade".

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"Uma comunidade é mais forte, pois é mais coesa e solidária, animada por sentimentos de confiança e persegue objetivos compartilhados". Com isso, "a comunidade como uma rede solidária requer escuta mútua e diálogo, baseado no uso responsável da linguagem". Jorge Bergoglio também destacou que as redes sociais deveriam ser uma janela para o mundo, mas tornou-se uma vitrine para exibir o próprio narcisismo e fomentar o ódio.

Para ele, esta realidade "multifacetada" coloca várias questões éticas, sociais, jurídicas, políticas, econômicas, e também desafia a Igreja. "Enquanto os governos buscam os meios regulatórios legais para salvar a visão original de uma rede livre, aberta e segura, todos nós temos a possibilidade e a responsabilidade de favorecer seu uso positivo". Segundo o argentino, a rede que todas as pessoas querem é a que não é feita para aprisionar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de gente livre.

Por fim, o Papa concluiu que a rede só será uma oportunidade se os cidadãos souberem vivenciar na prática as conexões feitas através da tecnologia. Desta forma, é preciso passar do "like" ao "amém".

"Esta é a rede que queremos: uma rede feita não para capturar, mas para libertar, para preservar uma comunhão de pessoas livres. A própria Igreja é uma rede tecida pela Comunhão Eucarística, onde a união não se baseia nos 'likes', mas no 'amém' com que cada um adere ao Corpo de Cristo, acolhendo os outros", finalizou. (ANSA)

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