'Só quero ir para casa', diz velejador brasileiro solto em Cabo Verde
O gaúcho Daniel Guerra comemorou a liberdade: "A luta continua, mas a vitória será certa"
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Mundo Justiça
Os velejadores brasileiros Rodrigo Dantas, Daniel Dantas e Daniel Guerra, soltos nesta quinta-feira (7) depois de 18 meses presos em Cabo Verde, comemoraram a decisão da Justiça em libertá-los e reiteraram o desejo de voltar para o Brasil.
As declarações foram dadas ao site Notícias do Norte, de Cabo Verde, ainda em frente a cadeia pública da cidade de São Vicente.
"Só o que eu quero agora é ficar com a família, com os amigos e ir para casa o mais breve possível", disse o baiano Rodrigo Dantas. O também baiano Daniel Dantas (os dois não são parentes) agradeceu o apoio da comunidade da ilha de São Vicente, em Cabo Verde, e afirmou que a verdade vai prevalecer no processo.
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"Foi muito importante a verdade ser mostrada. Obrigado a deus, obrigado à comunidade, obrigado a todo mundo A gente sabia que a verdade ia chegar, e o dia da gente ia chegar", disse.
Na mesma linha, o gaúcho Daniel Guerra também comemorou a liberdade: "A luta continua, mas a vitória será certa". Os velejadores, que estavam presos desde 2017, agora aguardarão em liberdade os próximos trâmites do processo na Justiça cabo-verdiana. O processo segue em primeira instância, sem indicativo de data de novo julgamento.
Os três velejadores saíram em viagem em julho de 2017, atendendo ao recrutamento de uma companhia de entregas internacionais para conduzir uma embarcação de Salvador até Portugal. No casco, porém, estava escondida uma tonelada de cocaína, que foi descoberta quando a equipe teve que atracar em Cabo Verde. A droga foi avaliada em cerca de EUR 200 milhões (R$ 894 milhões).
A defesa vai pleitear que eles aguardem o desenrolar do julgamento no Brasil. A decisão que os libertou não indica se eles devem ficar em Cabo Verde. Contudo, os passaportes dos três velejadores ainda estão retidos pela Justiça.
"Entendemos que não há nada que os impeça de voltarem para o Brasil. Mas como esse processo deu tantas reviravoltas, é mais prudente aguardar um posicionamento da Justiça", afirma o advogado Paulo Oliveira, que representa os velejadores.
A libertação dos velejadores acontece três semanas depois de a Justiça de Cabo Verde ter anulado julgamento que condenou os velejadores a dez anos de prisão. A decisão reconheceu que houve violações à garantia de defesa dos réus e determinou a realização de um novo julgamento.
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Os brasileiros, assim como o comandante da embarcação, o francês Olivier Thomas, -que também foi liberado- afirmam que desconheciam a existência da droga. Todos foram inocentados no inquérito da Polícia Federal brasileira.
O dono do veleiro, o inglês George Edward Saul, que os contratou para o serviço, desistiu da viagem na última hora e foi de avião até Portugal.
Ele, que foi apontado pela PF como "a 'ponta' europeia do grupo criminoso [de tráfico de drogas]", não é investigado no processo que corre em Cabo Verde.
Uma série de controvérsias são apontadas pela defesa dos velejadores no processo que correu na Justiça cabo-verdiana.
Foram desconsideradas testemunhas brasileiras, além da própria investigação feita pela Polícia Federal brasileira, que apontava que os velejadores desconheciam o transporte da droga.
Também foi questionado o fato de sentença ter sido impressa em papel com a marca d'água do personagem Zorro, em vez do símbolo oficial do Judiciário (o documento foi corrigido após intervenção dos advogados).
Na decisão que anulou o julgamento, o tribunal de Cabo Verde reconheceu que o juiz Antero Lopes Tavares, que condenou os velejadores em março do ano passado, não poderia ter negado o pedido dos réus para ouvir testemunhas. Os juízes decidiram pela nulidade do despacho e determinaram que as testemunhas sejam ouvidas e, então, um novo julgamento seja realizado. Com informações da Folhapress.
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