Do lado venezuelano, brasileira teme desabastecimento por fechamento
Por enquanto, não faltam itens básicos na cidade, apesar de alguns pontos comerciais estarem fechados
© Carlos Garcia Rawlins / Reuters
Mundo Fronteira
DANIEL CARVALHO - BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Abastecidos pelo comércio de Pacaraima, em Roraima, moradores de Santa Elena de Uairén, capital do município venezuelano de Gran Sabana, vivem a expectativa da reabertura da fronteira com o Brasil para não sofrerem com o desabastecimento que já atinge outras localidades na Venezuela.
A conexão entre os dois países foi fechada na noite de quinta-feira (21) por ordem do ditador Nicolás Maduro. Por enquanto, não faltam itens básicos na cidade, apesar de alguns pontos comerciais estarem fechados. A população, porém, não se sabe por quanto tempo vão durar os estoques.
"Santa Elena está abastecida por causa da proximidade que temos com Pacaraima. A gente adquire os produtos lá. Esperamos que isso seja resolvido o mais rápido possível. Uma semana fechada a fronteira, a gente não sabe o que pode acontecer", disse a advogada e radialista brasileira Fátima Araújo, 49, que vive há 33 anos em Santa Elena.
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Com dificuldade de estabelecer comunicação, Fátima conversou com a reportagem no início da noite usando internet do Brasil. Ela disse que o clima é de "muita tensão" e relatou conflitos entre indígenas na comunidade de San Francisco de Yuruani, a 60 km de Santa Elena.
"Os indígenas não queriam permitir que eles passassem, então, os militares usaram a força. Ficou como resultado uma pessoa falecida e sete pessoas feridas", disse a brasileira.
Ao saber do confronto, Fátima foi ao hospital Rosario Vera Zurita, onde fez um vídeo em que aparecem três homens feridos, um deles já com uma das pernas enfaixadas e outros dois recebendo cuidados médicos.
A advogada e radialista relatou também um outro confronto, desta vez no aeroporto da cidade.
"Houve enfrentamento também no aeroporto, que é administrado pela comunidade indígena, porque a guarda venezuelana ficou na frente do local", disse Fátima.
Segundo a brasileira, a expectativa é que um carregamento de produtos médicos chegue à fronteira no início da manhã deste sábado (23). No entanto, com a fronteira fechada, o material não deve conseguir alcançar o lado venezuelano.