Representante do Papa faz apelo por diplomacia em Jerusalém
Declaração foi dada durante visita do presidente Bolsonaro
© Mussa Qawasma / Reuters
Mundo Francesco Patton
O custódio da Terra Santa, o padre Francesco Patton, fez um apelo nesta segunda-feira (1) para a preservação de Jerusalém como "patrimônio comum da humanidade" e para a compreensão do valor da cidade e uso da diplomacia, além de posições políticas. A declaração foi dada em entrevista ao Vatican News paralela a primeira visita oficial do presidente Jair Bolsonaro a Israel.
Ontem, o brasileiro visitou o Muro das Lamentações, local sagrado aos judeus e localizado em Jerusalém, acompanhado do premier israelense, Benjamin Netanyahu.
O gesto de Bolsonaro pode significar, para muitos, o reconhecimento da soberania de Israel sobre a região, em detrimento dos palestinos. Em contrapartida, o fato de Netanyahu estar presente pode ser interpretado com grande simbolismo de apoio ao Brasil. Segundo o representante do papa Francisco, é preciso ter consciência "de que, quando se toca Jerusalém, se toca uma realidade que é extremamente delicada".
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"Eu diria que não devemos esquecer que hoje a política de todo o mundo se move como se estivéssemos sempre em campanha eleitoral.
Isso acontece na Itália, aqui e também em outros países do mundo. Às vezes seria útil usar os tons da diplomacia, com a capacidade de tecer formas possíveis de reunião em vez de confronto", alertou.
Para Patton, "faz sentido reiterar o fato de que, quando falamos de Jerusalém, devemos ir além das categorias políticas e compreender o valor que esta cidade tem: uma cidade símbolo para as três religiões e depois aqui, em nível local, uma cidade símbolo para dois povos, o povo judeu e o povo palestino".
"Em Jerusalém percebe-se sempre uma certa tensão de um lado, e depois também um certo desejo, do outro", acrescentou o religioso ressaltando que dos dois lados há a pretensão de ter alguma exclusividade na cidade. Durante a entrevista, ele também fez uma reflexão sobre o pedido feito por Francisco e pelo rei do Marrocos, Mohammed VI, em Rabat, para "preservar" a Cidade Santa especialmente para os fiéis das três religiões monoteístas - judeus, cristãos e muçulmanos - e como um "lugar de encontro e símbolo de convivência pacífica, onde se cultivam o respeito mútuo e o diálogo". Patton ainda ressaltou que o desejo "é que cada um dos crentes das três grandes religiões, que também têm uma raiz comum, possa vir em paz, possa rezar em paz e possa também, ouso dizer, aprender a viver a sua fé no respeito pela fé dos outros". (ANSA)