Aliado diz que Bolsonaro é refém de Mandetta e detona governadores
"Senão, a gente vai estar sendo cúmplice de malucos, de governadores, de psicopatas que estão ajudando, por uma sede de poder, a matar muitas pessoas que estão desesperadas com medo, trancadas em suas casas"
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SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Um dos principais conselheiros do presidente Jair Bolsonaro na área de comunicação, o publicitário Sérgio Lima defendeu na noite desta quarta-feira (15) a demissão do ministro Luiz Henrique Mandetta (Saúde) e comparou governadores que defendem o isolamento social a "malucos" e "psicopatas".
As declarações foram dadas numa transmissão pela internet com a empresária Karim Miskulin, diretora-geral do Grupo Voto, que incentiva a participação de mulheres na política. "Finalmente o governo vai se libertar do que está refém, de um ministro que só está falando e não tem um plano de execução, [não fala] quantas UTIs precisa, quantos médicos", afirmou Lima.
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Responsável pela comunicação do Aliança Pelo Brasil, partido que Bolsonaro tenta criar, ele tem auxiliado também na preparação dos pronunciamentos do presidente durante a crise do coronavírus. "O quanto antes esse ministro tem de ser demitido, porque ele fala muito bonito, mas não conseguiu executar um plano", completou.
Defensor da estratégia do presidente de flexibilizar o isolamento, Lima disse que Bolsonaro tem tido uma posição equilibrada na crise do coronavírus, ao levar em conta as questões sanitárias e econômicas.Segundo ele, não se pode gerar pânico na sociedade. "Senão, a gente vai estar sendo cúmplice de malucos, de governadores, de psicopatas que estão ajudando, por uma sede de poder, a matar muitas pessoas que estão desesperadas com medo, trancadas em suas casas", afirmou.
Em um primeiro momento, ele não citou nomes. Depois, contudo, foi explícito ao se referir ao governador de São Paulo, João Doria (PSDB), que se transformou num dos principais antagonistas de Bolsonaro na atual crise. "Se um governador que comete esse crime se torna presidente, a gente sabe o futuro que isso vai ser. Um deles é uma grande decepção, que é o governador de São Paulo. Tenho vergonha de ter um dia admirado de alguma forma esse senhor. O que ele está fazendo por uma sede de poder é absurdo", declarou.
Filho de um militar que foi colega de turma de Bolsonaro na Academia Militar das Agulhas Negras, Lima afirma que ajuda voluntariamente na comunicação digital do presidente desde a campanha eleitoral de 2018.Desde o ano passado, tem feito o mesmo com relação à nova legenda, que está em fase de coleta de assinaturas. "Sou apenas um amigo que dá pitacos", disse ele na live.
Lima foi um dos integrantes da cúpula do governo que foi diagnosticado com coronavírus. Mesmo assim, ele diz ser contra a estratégia atual de manter em quarentena a maioria da população."Eu tive Covid. Convivi com minha família, usei máscara, álcool em gel e não contaminei ninguém", afirma.
Dono de uma agência de publicidade, ele afirma que tem ido trabalhar todo dia à sede da empresa. "Eu tenho direito de ir para a rua trabalhar, tenho direito de ir e vir. Isso é democracia", afirma.A maioria dos seus funcionários, diz Lima, está trabalhando de casa. Mas os que quiserem ir à agência estão autorizados. Da mesma forma, ele aprova as visitas que o presidente tem feito a locais de Brasília, apesar da recomendação em contrário de infectologistas. "O presidente está certo em ir para a rua ouvir o povo, ver como estão as coisas", disse.
Para o publicitário, não houve perda de apoio popular a Bolsonaro, apenas um descolamento momentâneo de um grupo que se define mais como opositor da esquerda do que entusiasta do presidente."Existe uma base de bolsonaristas e existe uma base antiesquerda. Isso compõe um bloco que apoia o presidente. Nesse momento da crise, algumas pessoas se assustaram e essa base se achatou. Algumas pessoas antiesquerda passaram para uma camada neutra", declarou.Mas isso não preocupa, segundo ele, porque essa parcela retorna quando o presidente modera o tom."Quando o presidente faz um discurso mais agregador, essas pessoas voltam à origem", afirmou, na transmissão.
Segundo o Datafolha, 17% dos eleitores de Bolsonaro se arrependeram do voto dado no presidente.Lima disse que é injusto dizer que há um "gabinete do ódio" instalado no Palácio do Planalto, composto por assessores que comandam a estratégia digital do governo."Eles deveriam ser chamados de GDP, Gabinete dos Patriotas", afirmou.
Para o publicitário, "as redes sociais são o grito do povo brasileiro". Ele ironizou a acusação de que a base digital do presidente é formada em grande parte por robôs."Eu sempre digo que prefiro andar com robô do que com quem roubou", declarou.
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