Covid-19: Teich defende ações diferenciadas nas várias regiões do país
Novamente perguntado por senadores, Teich afirmou que o Ministério da Saúde “nunca se posicionou para saída do distanciamento” e que a definição sobre isso cabe aos governos e prefeituras.
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Política Ações diferenciadas
O ministro da Saúde, Nelson Teich, participa hoje (29) de uma audiência pública virtual no Senado Federal. Na ocasião, ele foi perguntado sobre as ações adotadas pelo governo federal no enfrentamento ao novo coronavírus, a posição diante das estratégias de distanciamento social, o apoio a estados mais atingidos, o repasse de recursos, entre outros temas relacionados à pandemia da covid-19.
Teich relatou que, nos cerca de 10 dias em está à frente do cargo, o foco tem sido em melhorar as informações sobre a pandemia. “Montamos centro de comando de informações, que nos auxilia para que possamos embasar nossas decisões”, declarou. Com base nelas, ele argumentou que a nova gestão passou a trabalhar com o que chamou de “não linearidade” das ações, um tratamento diferenciado para várias regiões e localidades do país.
“A partir de agora, de posse de informações atualizadas, percebemos distintos perfis de comportamento da doença por região. Definimos que nossas ações devem se pautar por distribuição de recursos não linear. O que definirá o peso é o socorro a estados e municípios. Funcionaremos com força nacional de apoio, calibrando as ações”, comentou Teich.
O titular da pasta foi questionado por senadores para esclarecer a posição acerca do distanciamento social diante das declarações contrárias do presidente Jair Bolsonaro. “Existe uma certeza que ouvimos da OMS [Organização Mundial da Saúde] e dos governos da Europa e dos Estados Unidos que é certeza: que o distanciamento é a maneira de impedir a explosão de casos que nosso sistema de saúde não tem condições de aguentar”, destacou o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE).
“É necessário que Vossa Excelência oriente o presidente como necessário de adotar como medida séria. O presidente tem acumulado declarações irresponsáveis. É claro que a ação do presidente prejudica a saúde pública brasileira na medida em que ataca governadores que estão tentando manter uma contenção”, acrescentou o senador Alessandro Vieira (Cidadania-SE).
Nelson Teich defendeu o presidente, justificando que ele está preocupado com as pessoas, e reiterou a posição da nova gestão de adotar as medidas de distanciamento de forma específica para determinadas regiões.
“Isolamento é uma ferramenta. Pode ser bem ou mal utilizado. Tem que ser definida a diretriz que vai trabalhar [o] detalhamento que é preciso ser levado em consideração. Simplesmente perguntar se fica em casa ou não é resposta simplista para um problema que é heterogêneo. Quem for positivo vai ficar, quem for mais velho vai ficar. Vai depender da curva e dos casos em cada região”, respondeu o ministro, adiantando critérios da atualização da diretriz que deve ser anunciada pela pasta em breve.
Novamente perguntado por senadores, Teich afirmou que o Ministério da Saúde “nunca se posicionou para saída do distanciamento” e que a definição sobre isso cabe aos governos e prefeituras.
Senadores cobraram ajuda a estados, especialmente os mais atingidos pela covid-19. O senador Randfolfe Rodrigues (Rede-AP) citou o caso do seu estado, com maior incidência por habitantes. Ele mencionou como problema a falta de respiradores. O estado tem o índice mais baixo do país, de 11 equipamentos para cada 100 mil habitantes. Outros senadores perguntaram sobre as medidas concretas da nova gestão do Ministério da Saúde.
“No entanto, meu estado tem 341 pacientes na UTI. Nenhum no interior, todos na capital. A fila atrás de um leito é muito grande. Nos 10 dias em que o senhor está [no cargo] já perdemos dezenas de vidas. Ações precisam ser tomadas e de forma objetiva. Precisamos colocar para funcionar os 610 leitos que não estão equipados e que não têm pessoal”, defendeu o senador Eduardo Braga (MDB-AM).
“No momento em que estamos na pandemia falar que vai realizar estudos e que vai entender é grave. Estamos falando de 78.162 casos registrados, fora os subnotificados. Pergunto o que de forma concreta o ministério está fazendo para ajudar os estados. Não houve congratulação para pessoas que estão sofrendo”, indagou o senador Weverton (PDT-MA). Segundo o parlamentar, o ministério prometeu 100 leitos ao Maranhão, mas foram enviados 20, e sem respiradores.
Teich apresentou as ações de apoio. Segundo o ministro, estão sendo contratados da indústria 14,1 mil respiradores, foram habilitados 2.258 leitos de unidade de terapia intensiva (UTI), alugados 540 leitos de UTI e distribuídos 79 milhões de equipamentos de proteção individual (EPIs), com máscara, óculos de proteção, sapatilha e touca.
Segundo ele, já foram pagos R$ 2,5 bilhões em emendas de saúde. Até início de maio, a previsão é de repasse de mais R$ 1 bilhão. No total, completou o ministro, os recursos repassados pelo governo vão ser de R$ 4,5 bilhões. Teich ressaltou que o Brasil dispõe de poucos recursos e com isso é fundamental buscar a eficiência na aplicação das verbas.
De acordo com o ministro, buscar entender melhor o problema da pandemia não significa falta de respostas. “Buscar informação não tem a ver com não fazer ou estar esperando as coisas acontecerem. A gente tem ação o tempo todo e continua buscando ações melhores”, ressaltou. Sobre a cobrança do Maranhão, o ministro afirmou que foram habilitados 100 leitos de UTI no estado.
Sobre o Amazonas, o secretário executivo da pasta, Eduardo Pazuello, informou que foram realizadas reuniões com secretários do governo do estado e da capital, Manaus, e um plano de apoio foi elaborado. “Amanhã decola um avião para Manaus levando respiradores, EPIs e outros materiais que conseguimos juntar. Amanhã também decola avião para Belém levando material similar. Estamos mandando também uma equipe do ministério e de médicos para apoiar”, respondeu. Pazuello não deu detalhes de quantos respiradores e EPIs serão enviados aos estados.