Witzel diz que interferência de Bolsonaro na PF está 'oficializada'
Carla Zambelli (PSL-SP) deu a entender que sabia que a PF preparava operações contra governadores anteriormente
© Antonio Cruz / Agência Brasil
Política Ação
Depois de agentes da Polícia Federal (PF) terem cumprido mandados de busca e apreensão em suas residências, o governador do Rio, Wilson Witzel, afirmou nesta terça-feira que a operação comprova a interferência do presidente Jair Bolsonaro no órgão. "A interferência anunciada pelo presidente da República está devidamente oficializada", disse, em nota, o mandatário fluminense.
A acusação foi feita num contexto em que a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP), por exemplo, deu a entender que sabia que a PF preparava operações contra governadores. "Estranha-me e indigna-me sobremaneira o fato absolutamente claro de que deputados bolsonaristas tenham anunciado em redes sociais nos últimos dias uma operação da Polícia Federal direcionada a mim, o que demonstra limpidamente que houve vazamento, com a construção de uma narrativa que jamais se confirmará", apontou Witzel.
O governador foi alvo da operação Placebo, que cumpriu 12 mandados nesta manhã - incluindo buscas no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governador, sua casa pessoal, o escritório de advocacia de sua mulher, Helena Witzel, e o Palácio Guanabara, onde ele despacha. O foco são desvios em contratos na Saúde durante a pandemia do novo coronavírus - que já levaram dois ex-subsecretários executivos e outras três pessoas à prisão.
Witzel negou que tenha qualquer envolvimento com os atos de corrupção. "Não há absolutamente nenhuma participação ou autoria minha em nenhum tipo de irregularidade nas questões que envolvem as denúncias apresentadas pelo Ministério Público Federal", alegou. "Estou à disposição da Justiça, meus sigilos abertos e estou tranquilo sobre o desdobramento dos fatos. Sigo em alinhamento com a Justiça para que se apure rapidamente os fatos. Não abandonarei meus princípios e muito menos o Estado do Rio de Janeiro."
Em entrevista exclusiva ao Estadão no final de abril, no dia da demissão do ex-ministro Sergio Moro, Witzel já havia comentado que, enquanto desafeto de Bolsonaro, "não se sente seguro" com possíveis interferências do presidente na PF.