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Queiroz era monitorado por advogado de Bolsonaro, indicam mensagens

Segundo mensagens apreendidas pela Promotoria, Queiroz sofria restrições de movimentação impostas pelo advogado Frederick Wassef.

Queiroz era monitorado por advogado de Bolsonaro, indicam mensagens
Notícias ao Minuto Brasil

15:30 - 19/06/20 por Folhapress

Política FABRÍCIO-QUEIROZ

BRASÍLIA, DF, E RIO DE JANEIRO, RJ (FOLHAPRESS) - O policial militar aposentado Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro preso nesta quinta-feira (18), era monitorado e sofria restrições de movimentação impostas pelo advogado Frederick Wassef, indicam mensagens apreendidas pelo Ministério Público do Rio de Janeiro.

Os promotores que pediram a prisão de Queiroz afirmam que o ex-assessor buscava omitir de Wassef, também advogado do presidente Jair Bolsonaro, as saídas que fazia do imóvel onde morou nos últimos meses em Atibaia, de propriedade do advogado.

O MP-RJ diz ainda que o ex-assessor e seus familiares desligavam seus telefones quando se aproximavam da casa, a fim de evitar eventual monitoramento das autoridades policiais.

Queiroz foi preso sob suspeita de atrapalhar as investigações do MP-RJ sobre a suposta "rachadinha" no antigo gabinete de Flávio na Assembleia Legislativa. Ele é apontado como operador financeiro do esquema, cuja finalidade seria beneficiar o próprio senador.

Mensagens datadas de outubro de 2019 mostram a mulher de Queiroz pedindo à filha para informar a uma mulher identificada como Ana que o casal está a caminho de São Paulo. A mulher responde: "Pode ficar tranquila que não falo nada não".

Em outro áudio, Ana afirma, segundo os promotores, que não comentou com "Anjo" sobre a viagem do casal. Para o MP-RJ, o apelido é referência a Wassef.

Outras mensagens mostram Queiroz explicando que precisa desligar o telefone ao se aproximar da casa de Wassef. "A gente vai ter que desligar o telefone, daqui a pouco a gente vai entrar na nossa área", disse Queiroz num áudio de julho de 2019.

Em agosto, outro áudio indica o procedimento adotado.

"Se tiver alguma coisa pra falar, fala por aqui [telefone de Márcia, mulher de Queiroz] ou por aquele telefone que tá com minha filha, tá bom? Quando eu entro na cidade em que eu tô, eu desligo os telefones", disse Queiroz a um homem identificado como Heyder.

Os diálogos indicam ainda que Wassef cogitou levar toda a família de Queiroz para Atibaia após a derrota no STF (Supremo Tribunal Federal) no julgamento sobre o compartilhamento de informações financeiras detalhadas em relatórios do Coaf.

"[Wassef está] Querendo mandar para todos [sic] para São Paulo se a gente não ganhar", disse Queiroz em 24 de novembro de 2019 para a mulher, Márcia Aguiar.

O julgamento sobre o compartilhamento de dados do Coaf começou no dia 21 de novembro e se encerrou no dia 28.

Na ocasião, a mulher considerou a intenção um exagero. "Mais [sic] só se estivéssemos com prisão decretada. Sabe que isso será impossível, né?", disse ela.

A presença de Queiroz na casa de Wassef contrariou todo o discurso do advogado e da família presidencial ao longo de um ano e meio, segundo o qual não havia mais contato entre os Bolsonaro e o ex-assessor de Flávio.

O senador chegou a dizer que um eventual contato entre os dois poderia ser interpretado como obstrução de Justiça.

Queiroz é apontado pelo MP-RJ como operador financeiro da suposta "rachadinha" no antigo gabinete de Flávio na Assembleia, onde ele exerceu mandato de deputado estadual entre fevereiro de 2003 e janeiro 2019.

A "rachadinha" é a prática de recolhimento de parte dos salários de assessores de um gabinete para fins diversos. No caso do filho do presidente, a suspeita é de que o senador era o beneficiário final da maior parte dos valores.Investigadores identificaram o costume de pagamento de despesas pessoais do senador com dinheiro vivo. O MP-RJ identificou, por exemplo, que Queiroz foi o responsável por quitar boletos de mensalidade escolar das filhas do senador em outubro deste ano.

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