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Weintraub 'foge' para EUA antes de ser exonerado

A ida de Weintraub aos EUA ocorre dois dias após ele anunciar em vídeo publicado nas redes sociais, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que sairia da pasta

Weintraub 'foge' para EUA antes de ser exonerado
Notícias ao Minuto Brasil

10:30 - 21/06/20 por Estadao Conteudo

Política Fuga

Depois de dizer que precisava sair do Brasil para não ser preso, Abraham Weintraub usou a condição de ministro da Educação para desembarcar em Miami, nos Estados Unidos, e assim driblar as restrições de viagens para brasileiros em razão da pandemia de covid-19. Horas depois, o governo soltou edição extraordinária do Diário Oficial da União (D.O.U), exonerando-o do cargo.

A ida de Weintraub aos EUA ocorre dois dias após ele anunciar em vídeo publicado nas redes sociais, ao lado do presidente Jair Bolsonaro, que sairia da pasta. O agora ex-ministro deve assumir o cargo de diretor-executivo do Banco Mundial. O Estadão revelara que apoiadores do ministro diziam nas redes sociais que ele tinha de fugir do País para não ser preso por ordem do Supremo Tribunal Federal (STF), que o investiga em dois inquéritos. "A prioridade total é que eu saia do País o quanto antes. Agora é evitar que me prendam, cadeião, e me matem", contou Weintraub.

Weintraub chegou a se apresentar como ministro ao desembarcar em Miami, segundo apurou o Estadão. O Ministério da Educação afirmou que ele chegou aos EUA por Miami e que a viagem foi feita por meio de avião comercial e em classe econômica. Apesar de ter anunciado sua demissão, Weintraub continuava como ministro até a manhã do sábado. Como titular do cargo, tinha direito a passaporte diplomático.

A assessoria do MEC não soube dizer se o ex-ministro continuaria em Miami. Informou apenas que, apesar das restrições impostas pelos EUA aos brasileiros por causa da pandemia da covid-19, Weintraub não foi impedido de entrar e que "comprou a passagem com dinheiro dele". Isso ocorreu porque as restrições americanas excluem funcionários do governo brasileiro, como era Weintraub ao desembarcar.

O ato de exoneração foi publicado em edição extra do Diário Oficial, assinado pelo presidente Jair Bolsonaro depois de seu irmão Artur Weintraub, assessor especial da Presidência, anunciar pelo Twitter: "Obrigado a todos pelas orações e apoio. Meu irmão está nos EUA." O decreto diz apenas que o ministro foi exonerado "a pedido".

Weintraub foi o décimo ministro a cair deste o início do governo. Ele ficou 14 meses no cargo e acumulou desavenças com reitores, estudantes, parlamentares e até com ministros do STF. Foi filmado em reunião interministerial chamando os ministros de "vagabundos" e dizendo que colocaria "todos na cadeia".

Em razão das declarações feitas no vídeo, o ministro Alexandre de Moraes o incluiu no inquérito das fake news que tramita no STF. O ministro da Advocacia-Geral da União, André Mendonça, entrou com habeas corpus para tirá-lo do inquérito, mas os ministros do STF decidiram por 9 a 1 que ele deveria permanecer na investigação.

Na quinta-feira, o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) havia solicitado ao STF, por meio de ofício, a apreensão do passaporte do ex-ministro. A intenção era que ele não pudesse sair do País enquanto durar o inquérito das fake news.

Weintraub também é investigado pela suposta prática de crime de racismo. Ele publicou em seu Twitter um texto no qual fez uma publicação irônica em relação à China, substituindo a letra "r" pela "l", em alusão ao personagem Cebolinha da Turma da Mônica. O inquérito foi aberto por determinação do ministro Celso de Mello. Weintraub depôs e negou racismo.

Cargo

O Banco Mundial informou que recebeu uma comunicação das autoridades brasileiras indicando Weintraub para diretor-executivo, representando o Brasil e demais países do seu grupo (constituency) no Conselho de Diretores-Executivos do Grupo Banco Mundial. O tempo do mandato, no entanto, não passaria de três meses. "Se eleito pelo seu constituency, cumprirá o restante do atual mandato, que termina em 31 de outubro de 2020", disse a instituição, ressaltando que, depois, "será necessária nova nomeação". As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.

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