Doria fala em 'vírus Bolsonaro' ao comentar impeachment em entrevista a TV internacional
O governador também comentou o mal-estar diplomático entre os governos brasileiro e chinês que veio à tona com o atraso na liberação de insumos para a produção das vacinas.
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Política JOÃO-DORIA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), concedeu uma entrevista à CNN internacional nesta quinta-feira (28) na qual falou sobre combater "o vírus Bolsonaro" ao ser questionado se o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) deveria sofrer um impeachment.
"Tenho que dizer, de novo, que estamos combatendo dois vírus no Brasil: o coronavírus e o vírus Bolsonaro. Temos o senso, aqui em São Paulo, o senso de urgência. E toda vida conta, nós não queremos gastar nem um dia sequer com processos burocráticos criados pelo governo federal", afirmou.
O tucano iniciou a entrevista ao programa Connect the World, apresentado pela jornalista Becky Anderson, comentando o colapso no sistema de saúde de Manaus - o qual atribuiu ao governo federal. A atração é televisionada em Nova York, Londres e Abu Dhabi.
"A situação em Manaus se tornou dramática. Isso aconteceu devido à ausência de ações do governo brasileiro para os cuidados de saúde da população local. A situação é dramática na região amazônica, especialmente em Manaus. É absurdo que as pessoas estejam morrendo em suas casas, na porta de hospitais, nas calçadas devido à falta de oxigênio", disse.
A âncora do programa mencionou a investigação aberta a pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) contra o ministro da Saúde, Eduardo Pazuello, e a decisão do governo de não adquirir doses da vacina desenvolvida pela Pfizer, questionando por que isso aconteceu.
"Isso é inacreditável", respondeu Doria. "É verdade, o que você disse é absolutamente verdade. Nesse momento, nós precisamos de um ministro da Saúde trabalhando pela saúde, pelas pessoas, para proteger as pessoas, não contra as pessoas."
O governador paulista também comentou o mal-estar diplomático entre os governos brasileiro e chinês que veio à tona com o atraso na liberação de insumos para a produção das vacinas Coronavac e a de Oxford/AstraZeneca.
"O presidente Bolsonaro e a família do presidente Bolsonaro, na maior parte do tempo, atacaram o governo chinês, a vacina chinesa e a ajuda chinesa para o Brasil. É uma situação inacreditável", afirmou o tucano.
Além da participação de Doria, o programa da CNN exibiu imagens de uma das carreatas feita em prol do impeachment de Jair Bolsonaro e traduziu parte do discurso de uma manifestante que vestia a camiseta "esse impeachment é meu".
A entrevista foi concedida um dia após o governo de São Paulo anunciar consulta junto ao Ministério da Saúde para usar todas as vacinas contra Covid-19 disponíveis para a primeira dose, de modo a ampliar o universo de pessoas que vão receber a primeira dose dos imunizantes.
Atualmente, as vacinas Coronavac e da AstraZeneca/Oxford estão sendo aplicadas de acordo com o protocolo federal do Programa Nacional de Imunização, que prevê reservar 50% dos lotes para a segunda dose.
O governo paulista também pressiona o governo federal a manifestar interesse pela compra de 54 milhões de doses extras da Coronavac, que ainda não foi fechada.
"O Butantan tem compromisso com outros países e, se o Brasil declinar desses 54 milhões, vamos priorizar os demais países com quem temos acordo", afirmou o presidente do Instituto Butantan, Dimas Covas, na quarta-feira (27).