Diretor-presidente da ANS diz que agência não lida com denúncias sobre hidroxicloroquina
Os casos, segundo Paulo Roberto Rebello Filho, devem ser encaminhados para o CFM (Conselho Federal de Medicina)
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Política CPI
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Em depoimento à CPI da Covid, nesta quarta-feira (6), o diretor-presidente da ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar), Paulo Roberto Rebello Filho, afirmou que a agência abriu uma investigação contra a Prevent Senior, mas que denúncias relativas à hidroxicloroquina não estão entre as atribuições do órgão.
Os casos, segundo ele, devem ser encaminhados para o CFM (Conselho Federal de Medicina). O diretor disse que a ANS recebeu 38 reclamações relativas ao "kit Covid".
"Nós levantamos essas informações, em que encontram-se 38 reclamações específicas relacionadas ao 'kit Covid'", afirmou.
"E as nossas respostas são nesse sentido de que não compete à agência qualquer tipo de interferência na prescrição do médico em razão da sua autonomia, cabendo, sim, ao Conselho Federal de Medicina e aos Conselhos Regionais de Medicina", completou.
DENÚNCIAS
Durante a sessão, o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) apresentou um dossiê com denúncias contra a Prevent Senior, que teria sido encaminhado à ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar).
A documentação contraria versão dada por Rebello Filho, que disse em seu depoimento que apenas tomou conhecimento das denúncias contra a operadora através da CPI.
Randolfe apresentou uma série de mensagens que foram encaminhadas para a operadora em abril deste ano. "Nós temos esse documento aqui, que é da Agência Nacional de Saúde Suplementar, em resposta a uma denunciante, a uma profissional de saúde que fazia denúncia contra a operadora."
O documento apresenta uma série de mensagens de gestores da Prevent Senior determinando que os profissionais deveriam obrigatoriamente receitar hidroxicloroquina. Em uma das mensagens, a diretora da operadora afirma "espirrou, toma [cloroquina]", escreveu. "Os resultados estão ótimos."
Em outro caso, uma médica se recusa a administrar o medicamento pois houve uma alteração eletrocardiográfica, o que tornaria desaconselhável receitar a hidroxicloroquina. A gestora então pede para enviar o caso para Rodrigo Esper, diretor da operadora, para ver se ele "autorizava o uso".
Randolfe acrescentou que a ANS afirmou que denúncias do uso de hidroxicloroquina devem ser encaminhados ao CFM (Conselho Federal de Medicina), mas que a própria agência argumentou que trata de casos de "autonomia médica".
Rebello Filho disse que apenas tomou conhecimento dessas denúncias nesta segunda-feira (4) e pediu para a CPI que repasse a documentação, sem saber explicar por que o caso não avançou.