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Eduardo Leite perde força para emplacar aliados no RS após derrota para Doria

Inicialmente, a ideia dele era deixar o governo estadual para se candidatar à Presidência da República e lançar seu vice, Ranolfo Vieira (PSDB), que ganharia força porque seria o governador em exercício e estaria com a máquina pública na mão

Eduardo Leite perde força para emplacar aliados no RS após derrota para Doria
Notícias ao Minuto Brasil

09:10 - 24/01/22 por Folhapress

Política EDUARDO-LEITE


BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - O governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), perdeu força após a derrota nacional para João Doria (PSDB-SP) e corre risco de não conseguir emplacar nenhum de seus preferidos na disputa pelo Executivo estadual em 2022.

Inicialmente, a ideia dele era deixar o governo estadual para se candidatar à Presidência da República e lançar seu vice, Ranolfo Vieira (PSDB), que ganharia força porque seria o governador em exercício e estaria com a máquina pública na mão.

Depois de perder as prévias tucanas, porém, Leite ficou enfraquecido nas negociações para manter sua base aliada unida e ganhou força a possibilidade de o PSDB abrir mão da candidatura própria para compor uma chapa com o MDB.

O chefe do Palácio do Piratini, então, começou a fazer gestos nos bastidores em favor do atual presidente da Assembleia Legislativa do RS, Gabriel Souza (MDB), que ajudou a emplacar pautas do Executivo no parlamento local e é identificado com o governo.

No entanto, talvez nem isso ele consiga e há chances reais de o governador gaúcho se ver obrigado a apoiar o que, no seu mundo ideal, seria um plano C.

O presidente estadual do MDB, deputado federal Alceu Moreira, é pré-candidato e já disse que não irá sair da disputa em nome dos dois preferidos de Leite.

Diferentemente de Moreira, Souza ainda não se colocou oficialmente como pré-candidato, mas tem trabalhado nos bastidores para buscar apoios e enfrentar o chefe da legenda no RS em uma eventual prévia interna.

Publicamente, ambos dizem que abririam mão de disputar o Palácio do Piratini se o ex-governador José Ivo Sartori, que aparece bem nas pesquisas, aceitasse o desafio, o que, hoje, é visto como improvável.

Esse cenário seria ainda pior para Leite, uma vez que Sartori tentou a reeleição e foi justamente quem o atual governador derrotou no segundo turno de 2018, em uma disputa dura e com trocas de acusações.

Caso as negociações avancem, uma alternativa em discussão é filiar Ana Amélia Lemos, ex-senadora e atual secretária de Leite, ao PSD e lançá-la na disputa para o Senado nesta coligação. Há quem sonhe com o atual governador nesse posto, mas ele tem afirmado que não concorrerá a nenhum cargo em 2022.

Dentro do MDB, apesar das brigas para decidir quem será o candidato da legenda, o sentimento é de otimismo em relação à composição de chapa com um tucano de vice.

A avaliação interna é que Leite será obrigado a endossar o escolhido do partido porque a sigla tem mais capilaridade no estado e ele precisa de um candidato forte para defender seu legado. Além disso, há uma leitura de que Leite ainda não conseguiu assimilar a derrota para Doria.

As disputas internas, porém, não estão restritas ao MDB. O PSDB também está dividido, e uma ala do partido tem criticado a ideia de não ter candidato e defendido que a legenda deva lançar um nome próprio mesmo que isso resulte em um racha na atual base do governo -​que é composta, entre outras siglas, por PSD, União Brasil e Solidariedade.

Esses integrantes da sigla afirmam que pesquisas têm demonstrado que, sem Sartori no páreo, a eleição estaria aberta e que nenhum dos outros nomes do MDB tem popularidade superior a dos postulantes do PSDB.

Também há uma divisão em relação ao nome que representará o partido em 2022, seja na condição de cabeça de chapa ou como vice.

Prova disso é que os diretórios tucanos municipais da região Sul do RS já declararam apoio ao nome da prefeita de Pelotas, Paula Mascarenhas, para sucessão de Leite. Ela já sucedeu o atual governador no Executivo pelotense, e a ideia é que fizesse o mesmo no governo gaúcho.

Leite, entretanto, afirma que a preferência é pelo seu vice e que Vieira é o candidato "natural" do PSDB em uma eleição majoritária.

O governador acredita que os partidos de sua base conseguirão manter a aliança nas urnas e admite que nesse tipo de negociação todas as siglas, incluindo a sua, precisam estar dispostas a eventualmente abrir mão da cabeça da chapa.

Ele também nega que esteja trabalhando em favor do presidente da Assembleia do RS na disputa emedebista.

"Não é verdade, as pessoas conhecem minha linha de conduta. Jamais interferiria em outro partido com tradição política e nem que quisesse conseguiria fazer isso. E, se fosse para interferir, seria em favor do meu partido dentro desse processo", afirma à Folha.

O chefe do Executivo gaúcho diz acreditar que não perdeu força nas negociações para sua sucessão após a derrota para Doria.

"Em absoluto porque o sucesso do governo que eu hoje lidero é o que vai ser a força motriz certamente para candidatura que representará esse projeto. Tenho certeza que tenho força política para ajudar a coordenar, mas não impondo nada, o que não é da minha natureza política", diz.

Alceu Moreira, por sua vez, afirma que o MDB trabalha para evitar a necessidade de realização de prévias e que a ideia é chegar a um consenso sobre quem representará a sigla em 2022.

"Nós tínhamos a candidatura natural do Sartori, mas ele tem dito que não quer ser candidato. Então, a segunda candidatura seria a minha pela trajetória política e história que eu tenho. Surgiu nos últimos dias a possibilidade de um menino (Souza) com uma liderança brilhante querer ser o candidato a governador", afirma.

Neste mês, o deputado federal Osmar Terra (MDB-RS) usou as redes sociais para acusar Leite de estar tentando interferir no processo interno de escolha do MDB para as eleições.

Moreira exalta a "longa história no partido" de Terra, mas diz confiar no governador, que afirmou em entrevista recente que não interfere em disputa de outro partido.

Leite também se mostra confiante. Ele diz que os partidos da base têm "aspirações legítimas", mas acredita que "o diálogo ao longo dos próximos meses poderá construir as condições para a unidade".

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