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Eduardo Leite diz que não quer candidatura para congestionar terceira via

O presidente nacional Gilberto Kassab participou nesta quarta-feira (16) do evento de Ana Amélia, provável nome da legenda para o Senado, em Porto Alegre, e reforçou o coro por uma candidatura de Leite pela legenda –o governador também estava no palco do ato.

Eduardo Leite diz que não quer candidatura para congestionar terceira via
Notícias ao Minuto Brasil

06:16 - 17/03/22 por Folhapress

Política EDUARDO-LEITE

PORTO ALEGRE, RS (FOLHAPRESS) - A filiação da ex-senadora e atual secretária estadual de relações federativas e internacionais do governo gaúcho, Ana Amélia Lemos (PSD), pode marcar um avanço na relação entre o governador Eduardo Leite (PSDB) e o partido que flerta com ele há mais de um mês e a decisão sobre uma candidatura à Presidência da República.

O presidente nacional Gilberto Kassab participou nesta quarta-feira (16) do evento de Ana Amélia, provável nome da legenda para o Senado, em Porto Alegre, e reforçou o coro por uma candidatura de Leite pela legenda –o governador também estava no palco do ato.

"Existe uma torcida enorme dentro e fora do PSD. Não é apenas o PSD que quer tê-lo como candidato a presidente, ele é uma enorme esperança para milhões de brasileiros que não estão contentes com a atual administração, mas também não querem voltar ao passado", disse Kassab.

A fala está afinada com as respostas de Leite a jornalistas, antes de outro evento, também nesta quarta, mas na Federasul (Federação de Entidades Empresariais do Rio Grande do Sul), onde ele discursou a uma plateia de empresários, com alguns de seus secretários presentes.

Leite repetiu que ainda não tomou uma decisão e deve usar todo o prazo de duas semanas que ainda tem pela frente para fechá-la.

"Vou usar a pista toda. Se eu tenho tempo para tomar uma decisão mais madura, eu não quero entrar nesse processo para congestionar a terceira via, eu quero entender qual a disposição de diversos atores, tentar construir entendimento e convergência, para que eu possa assumir uma posição de acordo com a responsabilidade que tenho hoje no país", afirmou.

Esta semana ele também se reuniu com tucanos como Aécio Neves e Paulo Abi-Ackel (ambos de Minas Gerais, o senador Tasso Jereissati (CE) e com o presidente do partido Bruno Araújo, com quem disse ter conversado sobre o cenário eleitoral e trocado reflexões sobre o momento político atual.

Leite, que é filiado ao PSDB há cerca de 20 anos, o único partido de sua vida política, diz ter intensificado a relação com os colegas durante as prévias que disputou ano passado e que acabaram vencidas pelo atual governador de São Paulo João Doria.

Ele disse a jornalistas que deixar o governo do estado antes do fim do mandato é uma das partes dolorosas da decisão que enfrenta, mas que se sente em condições de liderar um projeto que enfrente a polarização entre o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o atual, Jair Bolsonaro (PL), nomes que lideram as pesquisas.

"A herança que o Lula deixou não foi seu Pibão de 2010, foi uma matriz econômica, uma agenda econômica que conduziu o país ao abismo em 2015-2016, na mais profunda recessão da nossa história", defendeu.

Ele ressaltou ainda a dificuldade de outros nomes cotados para a chamada terceira via em superar a rejeição, já começando as campanhas com números a serem revertidos.

"Pesquisas, nesse momento, têm que ser analisadas muito mais pelo que a população diz que não quer do que aquilo que ela demonstra que quer. A rejeição é muito importante de ser analisada porque ela dá a noção sobre capacidade de crescimento".

Ao público presente no evento da Federasul, Leite disse que não tomará a decisão sozinho, que não tem problemas em apoiar outras pessoas desde os bastidores, mas que também se sente pronto a liderar.

No evento, ele fez uma apresentação sobre situação fiscal do estado durante seu governo, falou de privatizações e das reformas empreendidas, como na previdência e tributária –ele chegou a citar que mexeu na previdência de militares, sem enfrentar motins.

Questionado pela reportagem se a presença no evento de filiação de Ana Amélia, secretária do seu governo, sinaliza uma decisão de apoio ao nome dela para o Senado, independente dos rumos que decidir nas eleições, o governador preferiu dizer que o gesto foi no sentido de abraçar uma liderança política que respeita e admira.

Ele lembrou que havia decidido que, se ela concorresse ao governo estadual em 2018, tiraria seu nome da disputa e apoiaria a candidatura dela –Ana Amélia foi candidata à vice-presidente naquele ano, ao lado de Geraldo Alckmin (então no PSDB), e Leite derrotou o então governador José Ivo Sartori (MDB) no segundo turno.

"Eu vejo com muitos bons olhos [a candidatura dela], mas é uma construção política que precisa ser feita com diversos partidos, inclusive com seu partido, PSD, e com os demais que devem compor aliança que vai representar nosso projeto nas urnas", explicou.

Ana Amélia, que foi senadora (2011-2019), disputou o governo estadual em 2014, e deixou o PP com uma carta em que abre afirmando que o partido dera "inúmeros sinais explícitos" que não desejava mais a sua permanência entre seus quadros. "Um sinal que vem de algumas lideranças, não de sua base. Não guardo mágoas", segue ela.

"Acho que é o melhor dos mundos essa possibilidade [a candidatura de Leite], e ficarei muito feliz, agora filiada ao PSD, que o governador aceite esse desafio gigantesco", afirmou Ana Amélia à reportagem.

"Aí você tem uma perspectiva real de uma terceira via que possa se consolidar, porque a sociedade está esperando por isso."

Além dela, o PSD filiou em fevereiro outro secretário de Leite, Agostinho Meirelles, de Apoio à Gestão Administrativa e Política do Governo do Estado, conhecido como um dos principais articuladores políticos do governador.

Ana Amélia evitou responder se a sua filiação coloca o governador gaúcho um passo mais próximo do partido de Kassab.

"Não posso dizer, é meu desejo. Agora, entre o meu desejo e a decisão dele a distância é grande".

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