Democracia verga, mas não quebra por fake news, diz Fachin em última sessão à frente do TSE
A gestão do ministro ficou marcada pela defesa das urnas eletrônicas em resposta aos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral
© Nelson Jr./SCO/STF
Política EDSON-FACHIN
(FOLHAPRESS) - Em discurso durante a última sessão como presidente do TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o ministro Edson Fachin afirmou que a democracia "verga, mas não se dobra nem quebra" pelas fake news.
Em meio aos ataques de Jair Bolsonaro (PL) ao sistema eleitoral, Fachin declarou que esta é uma "certeza" e que o próximo presidente da República será eleito com paz e segurança.
"Tenho a certeza inabalável que a democracia se verga, mas não se dobra nem quebra com as fake news.", disse Fachin. A partir do dia 16 o TSE será comando pelo ministro Alexandre de Moraes, também alvo de ataques de Bolsonaro.
Fachin ainda citou pesquisa Datafolha ao afirmar que "a maioria esmagadora da população brasileira" acredita na urna eletrônica.
"Quem defende a democracia a toca diariamente e vive num país melhor", declarou.
De acordo com pesquisa Datafolha divulgada no dia 30 de julho, 47% da população diz confiar muito na urna eletrônica, enquanto 32% afirmam confiar um pouco –o que gera um índice de credibilidade de 79% para o sistema, segundo o instituto.
O ministro disse que as eleições de outubro serão feitas em paz, segurança e com transparência.
No discurso, ele destacou que fez reuniões com todos os partidos políticos. "Há um pacto político-institucional de âmbito nacional pelo combate à desinformação e às fake news", disse ele, que também citou acordos com grandes empresas de tecnologia.
A gestão do ministro ficou marcada pela defesa das urnas eletrônicas em resposta aos ataques do presidente Jair Bolsonaro ao sistema eleitoral. O chefe do Poder Executivo tem repetido teorias da conspiração sobre o sistema de votação, além de insinuações golpistas.
Mais cedo, em evento no TSE, o ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso disse que não passa um dia sem ser questionado sobre a chance de golpe no Brasil.
"Ou seja, alguma coisa esquisita esta acontecendo aqui. Golpes, violência, desrespeito ao resultado eleitoral, são preocupações que têm sido repetidamente veiculadas", disse Barroso. "É como se o espectro da 'república das bananas' tivesse voltado a nos assombrar", declarou ainda.
No período à frente do TSE, Fachin foi personagem central no debate do militar com o TSE sobre o pleito. Em maio, o ministro disse que quem trata das eleições são as "forças desarmadas".
No mês seguinte, a Defesa afirmou que as Forças Armadas "não se sentem devidamente prestigiadas" pelo tribunal.
Apontado pelo presidente Jair Bolsonaro como um opositor, Moraes deve comandar o tribunal eleitoral até junho de 2024. O ministro Ricardo Lewandowski será o vice.
Bolsonaro já afirmou que ele mesmo passou a ter voz dentro do TSE com a entrada dos militares no debate, feita a convite do próprio tribunal.
"Eles [TSE] convidaram as Forças Armadas a participarem do processo eleitoral. Será que esqueceram que o chefe supremo das Forças Armadas se chama Bolsonaro?", disse no fim de abril.