Não será um governo do PT, mas do povo brasileiro, diz Lula ao lado de Meirelles, Persio Arida e Tebet
"Nosso governo não será um governo do PT. É importante, Gleisi [Hoffmann], você que é presidente, saiba: nós precisamos fazer um governo além do PT", disse Lula.
© Getty
Política LULA-DISCURSO
(FOLHAPRES) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que, caso ele seja eleito, sua gestão não será "um governo do PT, será um governo do povo brasileiro".
"Nosso governo não será um governo do PT. É importante, Gleisi [Hoffmann], você que é presidente, saiba: nós precisamos fazer um governo além do PT", disse Lula.
"Tem muita gente que nunca foi do PT e participou do meu governo. E vai ser assim. Não será um governo do PT, será um governo do povo brasileiro", continuou.
Numa demonstração de amplitude de seu governo, ele citou nomes de pessoas que integraram o seu governo, como Henrique Meirelles, o empresário Luiz Fernando Furlan, o executivo Miguel Jorge e Marcio Thomaz Bastos.
Lula participou de ato, ao lado do candidato ao Governo de São Paulo pelo PT, Fernando Haddad, com apoiadores na noite desta segunda-feira (24) no teatro Tuca, da PUC (Pontifícia Universidade Católica) de São Paulo.
Participaram nomes como o economista Persio Arida, um dos pais do Plano Real, o ex-ministro da Fazenda e ex-presidente do Banco Central Henrique Meirelles, o ex-ministro da Justiça José Gregori (governo Fernando Henrique Cardoso), a ex-senadora Marta Suplicy e a socióloga Neca Setubal, herdeira do Itaú.
"Eles não sabiam o que nós sabemos: que as paralelas de vez em quando se cruzam. E quando se cruzam, sai da frente que somos invencíveis", disse Gregori.
Meirelles criticou quem diz que Lula está apresentando um "cheque em branco" para suas propostas na área da economia -e afirmou que, na verdade, é Bolsonaro quem pede "cheque em branco".
"É o Bolsonaro que estourou a parte fiscal, levou a inflação para a lua. Isso sim é querer cheque em branco. O Lula, não. O cheque dele está assinado. Ele já trabalhou, já realizou, já gerou emprego e renda", disse.
Arida disse que é preciso eleger Lula e Haddad e estabelecer no Brasil "uma ampla frente contra o obscurantismo e o retrocesso civilizatório que o Bolsonaro está levando o país". Ele também afirmou que o que está em jogo nesta eleição "é muito mais do que a economia: é o futuro do Brasil".
Um depoimento em vídeo do ex-ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Joaquim Barbosa foi exibido.
Lula abriu a sua fala dizendo que esta é uma "semana decisiva". "Quem tem dúvidas da importância da gente reconquistar e praticar a democracia não pode mais ter dúvidas", disse.
O petista citou casos de racismo envolvendo o cantor Seu Jorge, os xingamentos do ex-deputado federal Roberto Jefferson (PTB) contra a ministra Cármen Lucia, do STF, e a declaração do presidente Jair Bolsonaro (PL) de que "pintou um clima" com meninas venezuelanas. Lula se referiu a Jefferson como "bandido".
"Na semana passada o presidente da República confundiu uma menina venezuelana de 14 anos como se fosse um objeto sexual", disse, com a voz embargada. "Ele num cargo de presidente ter a atitude de pedófilo que ele teve, não respeitando uma criança de 14 anos de idade."
Lula disse que ele tem responsabilidade fiscal e que não precisa de uma lei para tratar disso. "Meirelles sabe que a gente teve responsabilidade fiscal. A gente teve e vai continuar tendo porque não podemos brincar com um país".
O petista também disse que não é possível "que a gente comece a enxergar a governança nesse país apenas na questão fiscal".
Em sua fala, Haddad fez um apelo para que seus apoiadores se esforcem para garantir sua vitória, de virada, na disputa pelo Palácio dos Bandeirantes -o petista terminou o primeiro turno atrás de Tarcísio de Freitas (Republicanos), candidato apoiado por Bolsonaro.
"Lula está na frente e precisamos consolidar a liderança dele para ser um banho no domingo no Bolsonaro. Mas se a gente fizer um esforcinho a mais (...), garanto a vocês, se fizer esse esforço da reta final, a onda está vindo, está batendo, o vento está soprando."
A senadora Simone Tebet (MDB), terceira colocada no primeiro turno, foi muito aplaudida ao chegar no teatro. A organização do ato chegou a anunciar que ela estava a caminho ao menos três vezes. "É para pedir votos? Estou pronta", disse a parlamentar ao subir ao palco.
"Agora não é a hora da omissão. A omissão, a neutralidade da omissão é um pecado capital contra o povo brasileiro. Quem votou em branco só pode votar no 13, quem votou nulo só pode votar no 13, quem votou em Ciro só pode votar no 13, e quem votou em Simone tem que votar no 13 nessas eleições."
Ela disse ainda que o Bolsonaro é um autocrata que "em um segundo mandato instalaria uma ditadura branca" no país.