Lula usa Telegram para orientar ofensiva a Bolsonaro nas redes
Em áudio divulgado nesta terça-feira (25), Lula diz que a "batalha é grande" e que ele precisa que cada pessoa "entre nesse debate nas redes".
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Política TELEGRAM-APLICATIVO
(FOLHAPRESS) - O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ocupou o grupo do deputado federal André Janones (Avante-MG) no Telegram para orientar ofensiva nas redes sociais contra o presidente Jair Bolsonaro (PL), seu adversário na eleição.
Em áudio divulgado nesta terça-feira (25), Lula diz que a "batalha é grande" e que ele precisa que cada pessoa "entre nesse debate nas redes". O ex-presidente também fez um apelo para seus apoiadores comparecerem às urnas.
"Temos que demonstrar quem é o Bolsonaro e o que ele representa ao povo brasileiro: salário menor, desemprego, cortes em programas sociais e retrocessos. Vamos ganhar as eleições chamando o povo para votar", diz o petista.
Na reta final do processo eleitoral, a campanha do ex-presidente vem ampliando a atuação no Telegram, aplicativo de forte presença do bolsonarismo.
Há forte receio por parte da equipe petista que haja uma avalanche de ataques e fake news disparados pelo adversários nas redes, sobretudo pelo Telegram.
A avaliação de integrantes da campanha é que o aplicativo não cumpriria como o acordo com o TSE (Tribunal Superior Eleitoral) com deveria, por isso, a preocupação é maior com a ferramenta.
A presidente do PT, Gleisi Hoffmann (PR), divulgou um vídeo na segunda-feira (24) no grupo de Lula no aplicativo no qual incentiva que a militância participe do canal e fez uma análise sobre a reta final da campanha. O filmete também foi compartilhado por Gleisi em seu perfil no Instagram.
Segundo ela, as intenções de voto estão cristalizadas, com o cenário de votos imóvel tanto diante de Bolsonaro como de Lula.
Ela recomenda que os militantes explorem a intenção do governo Bolsonaro de alterar a forma de correção do salário mínimo, sem necessidade de cobrir a inflação registrada no ano anterior ao do reajuste.
No áudio, Gleisi comenta a prisão do ex-deputado Roberto Jefferson (PTB), um aguerrido aliado de Bolsonaro.
Ela diz que, depois de insultar membros do STF (Supremo Tribunal Federal), especialmente a ministra Cármen Lúcia, "Roberto Jefferson, apoiador e amigo de Bolsonaro, voltou para a prisão".
"Mas antes resistiu e recebeu a polícia à bala e à granada. Um episódio gravíssimo".
Segundo a presidente do PT, "na sua forma covarde de agir", Bolsonaro tentou se desvincular de Jefferson, chegando a dizer que não havia nem sequer fotos dos dois.
"Sem antes, é claro, ajudar o amigo a negociar sua entrega na PF através do ministro da Justiça", ressalta ela.
Gleisi ainda afirma que o episódio é capaz de "afugentar eleitores indecisos", mas diz que "o maior impacto para Bolsonaro foi o seu ministro Paulo Guedes ter dito que iria tirar a correção do salário mínimo".
Como a Folha de S.Paulo revelou, Guedes tem um plano para flexibilizar a correção obrigatória do salário mínimo e das aposentadorias. Na prática, a proposta permitiria a concessão de aumentos abaixo da inflação, o que hoje não é possível.
"Isso atinge milhões de pessoas, a maioria aposentada. Bolsonaro logo desmentiu, mas o povo não acreditou. O assunto continua repercutindo", disse ela, recomendando que os apoiadores insistam no tema, além de críticas à política social e apresentação de propostas de Lula.
Também para investir no assunto, os sindicatos e associações de aposentados e pensionistas planejam para sexta-feira (28) uma passeata contra a proposta do governo.
Segundo Sindicato Nacional dos Aposentados, Pensionistas e Idosos, filiado à Força Sindical, a medida prejudicaria 56 milhões de brasileiros, cujo rendimento é atrelado ao salário mínimo, sendo 24,1 milhões de aposentados e pensionistas do INSS; 19,5 milhões de empregados no setor privado e 12,3 milhões de trabalhadores por conta própria.
Na passeata, será distribuído um panfleto com cálculos do Dieese sobre a evolução do valor real do salário-mínimo durante os diferentes governos desde Fernando Henrique Cardoso (PSDB). De acordo com as estimativas –que constarão dos panfletos– o salário mínimo seria hoje de R$ 502 caso a regra defendida por Guedes já estivesse em vigor nos últimos 20 anos.
Por ora, a linha geral da estratégia da equipe de Lula é levar à televisão as propostas de Lula ligadas à economia e reforçar o risco que dizem que Bolsonaro oferece ao reajuste do salário mínimo.
Já outros temas que poderiam desgastar Bolsonaro, como postagens que o acusam de ter comportamento pedófilo e também o episódio de Roberto Jefferson, devem ser explorados nas redes sociais.
A campanha produziu vídeos com declarações passadas de Bolsonaro em defesa das armas e cenas de violência, entre elas a prisão de Jefferson.
Também na segunda-feira (24), a coordenação da campanha de Lula reuniu mais de mil dirigentes partidários para repassar orientações para a reta final. Entre as recomendações, estão monitoramento de rede, corpo-a-corpo para virada de voto e para redução de abstenção. As orientações incluem ainda caronas solidárias.
Gleisi também estimulou caronas solidárias para evitar abstenções no vídeo desta segunda.
Está sendo distribuído material de apoio, inclusive com informações sobre as principais propostas de Lula. Quatro delas têm merecido destaque da coordenação da campanha: correção do salário mínimo acima da inflação; isenção de imposto de renda para quem ganha até R$ 5 mil com efeito em cascata para as faixas salariais maiores; manutenção do Auxílio Brasil no valor de R$ 600 com acréscimo de R$ 150 para crianças menores de seis anos; e programa para redução de endividamento da população.
"Estamos conversando com a coordenação de cada estado, para mobilizar nossa militância, para chamar as pessoas nas regiões de alta abstenção", afirmou Gleisi no áudio enviado a militantes pelo grupo do Telegram de Lula.