Campanha de Bolsonaro divulgou ação sobre rádios 25 horas após prisão de Roberto Jefferson
Bolsonaro insistiu, nesta quarta (26), em acusações sem provas sobre a supressão de inserções eleitorais em rádios do Nordeste e voltou a criticar Moraes.
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Política BOLSONARO-CAMPANHA
SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - Considerada pelo presidente do TSE, Alexandre de Moraes, como uma tentativa de tumultuar a eleição, a ação sobre suposto boicote de rádios na veiculação da propaganda eleitoral foi divulgada pela campanha do presidente Jair Bolsonaro (PL) cerca de 25 horas após a prisão do bolsonarista Roberto Jefferson, que atirou em policiais e gerou desgaste na campanha do presidente.
A tese de que rádios estariam privilegiando a propaganda do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) foi divulgada pelo ministro das Comunicações, Fábio Faria, no começo da noite de segunda-feira (24).
A reação armada do aliado de Bolsonaro vem sendo explorada pelos adversários do presidente na reta final da eleição. Opositores têm associado o caso a uma onda de violência política que, segundo eles, é estimulada pelo atual chefe do Executivo.
A campanha do presidente tentou ao longo dos últimos dias afastar Jefferson da imagem de Bolsonaro. O ex-deputado federal reagiu à abordagem da Polícia Federal a tiros e lançou granada na direção dos policiais. Dois deles ficaram feridos, atingidos por estilhaços. No fim da tarde de domingo (23), Jefferson aceitou se entregar e foi preso.
A operação ocorreu um dia após o político de extrema direita xingar Cármen Lúcia em vídeo publicado por sua filha Cristiane Brasil (PTB) nas redes sociais. Na casa dele foram apreendidos fuzis, mais de 7.000 munições e armas de brinquedo.
Com o caso de Jefferson ainda reverberando, o ministro Fábio Faria (Comunicações) anunciou na segunda a entrega de relatório preliminar ao TSE com levantamento sobre o número de inserções de Bolsonaro e Lula veiculadas em emissoras de rádio nos estados do Norte e Nordeste.
Moraes disse no mesmo dia que o pedido para a abertura de investigação não tinha base e cobrou apresentação em 24 horas de "prova e/ou documento sério". A equipe de Bolsonaro, então, apresentou novos documentos, que também foram considerados insuficientes.
O presidente do TSE apontou ainda possível "cometimento de crime eleitoral com a finalidade de tumultuar o segundo turno do pleito em sua última semana" e mandou o caso para ser avaliado dentro do inquérito das "milícias digitais", que é relatado por ele mesmo no STF (Supremo Tribunal Federal).
Bolsonaro tem histórico de questionar o sistema eleitoral e insinuar em tom golpista que pode não aceitar resultado diferente da própria vitória.
Também na segunda, horas antes da equipe de Bolsonaro afirmar que a campanha do PT foi favorecida em várias rádios, pesquisa Ipec apontou que a distância de Lula para Bolsonaro permanecia em sete pontos percentuais -o levantamento mostrou Lula com 50% de intenção de votos no segundo turno, contra 43% de Bolsonaro.
Bolsonaro insistiu, nesta quarta (26), em acusações sem provas sobre a supressão de inserções eleitorais em rádios do Nordeste e voltou a criticar Moraes. O presidente prometeu recorrer até o fim de sua mais recente decisão no caso.
A quatro dias do segundo turno, o chefe do Executivo disse ainda que seu partido deve contratar uma terceira empresa de consultoria para analisar os casos e que ele foi eleitoralmente prejudicado.