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Tarcísio põe conservadores na transição, mas aliados de Kassab incomodam bolsonaristas

Apesar da inclusão de bolsonaristas na lista, houve reclamações entre alguns aliados, especialmente os ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que veem a direita conservadora preterida na relação de 105 nomes apresentada nesta terça-feira (22).

Tarcísio põe conservadores na transição, mas aliados de Kassab incomodam bolsonaristas
Notícias ao Minuto Brasil

10:10 - 23/11/22 por Folhapress

Política GOVERNO-SP

(FOLHAPRESS) - Membros de partidos que compuseram a coligação do governador eleito Tarcísio de Freitas (Republicanos) ou que o apoiaram no segundo turno afirmam ver uma equipe de transição mais técnica do que política -conforme ele havia prometido.

Apesar da inclusão de bolsonaristas na lista, houve reclamações entre alguns aliados, especialmente os ligados ao presidente Jair Bolsonaro (PL), que veem a direita conservadora preterida na relação de 105 nomes apresentada nesta terça-feira (22).

Os integrantes da equipe de transição foram divididos em oito áreas temáticas. Não necessariamente esses nomes farão parte do governo, segundo Tarcísio.

Há uma mistura de pessoas que trabalharam com Tarcísio no Ministério da Infraestrutura, ex-assessores do ministro Paulo Guedes (Economia), bolsonaristas, evangélicos e membros de partidos aliados, como Republicanos, PL e PSC.

Há ainda pessoas ligadas ao presidente do PSD, Gilberto Kassab, e ex-integrantes de gestões do PSDB no estado.

O governador eleito designou o ex-vice-governador Guilherme Afif (PSD), ligado a Kassab e a Guedes, como coordenador da transição.

Interlocutores de Bolsonaro reclamam de subrepresentação, já que atribuem ao apadrinhamento do presidente o fato de Tarcísio ter sido eleito. De forma reservada, eles afirmaram à reportagem que o grupo escolhido tem muita influência de Kassab e parece tucano, como o de governos anteriores do PSDB.

De acordo com membros do PSDB, Rodrigo Garcia não teve influência na escolha de Tarcísio, de modo que as indicações de pessoas que trabalharam com Geraldo Alckmin (PSB), com João Doria (sem partido) e com o atual governador devem ter partido de Kassab, que tinha boa relação com o tucanato estadual.

Há na equipe também nomes que integraram a gestão de Kassab na prefeitura da capital paulista.

No entendimento de apoiadores de Bolsonaro, são listados como conservadores bolsonaristas apenas os deputados estaduais Frederico D'Ávila (PL) e Valéria Bolsonaro (PL); o deputado federal Capitão Derrite (PL) e a vereadora Sonaira Fernandes (Republicanos), que é ligada ao deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL). Há ainda o coronel Mello Araújo, ex-comandante da Rota que chefia a Ceagesp.

Mesmo nomes que aderiram ao bolsonarismo não são considerados por aliados de Bolsonaro como um gesto de Tarcísio à sua base eleitoral. A deputada federal Rosana Valle, que é do PL, não é tida como bolsonarista raiz, assim como o ex-secretário Filipe Sabará (Republicanos), que era ligado a Doria.

O deputado federal Cezinha de Madureira (PSD), apesar de ter sido líder da bancada evangélica, grupo que votou majoritariamente em Bolsonaro e Tarcísio, é visto mais como uma indicação de Kassab do que um representante dos evangélicos.

Ele está no núcleo de Desenvolvimento Social, Mulheres e Direitos da Pessoa com Deficiência, que tem outros evangélicos, como o vereador paulistano Gilberto Nascimento Jr. e Sonaira.

O ex-secretário de Segurança de São Paulo Antonio Ferreira Pinto é da chamada linha-dura na segurança, mas trabalhou em governos tucanos.

Ainda segundo bolsonaristas ouvidos pela reportagem, já era esperado que Tarcísio tivesse um time mais técnico e mais próximo do PSD do que do conservadorismo ideológico, pois ele deu sinais dessa preferência durante a campanha.

Para interlocutores de Bolsonaro, a insatisfação da base ideológica não deve chegar a atrapalhar Tarcísio, mas suas escolhas deixam claro que a preferência por técnicos sobre políticos só vale quando se trata de políticos bolsonaristas –não quando se trata de políticos do PSD, por exemplo.

Além de Afif e do vice Felício Ramuth, integram o grupo de nomes indicados pelo PSD o ex-deputado Eleuses Paiva (PSD) e os ex-secretários municipais na gestão de Kassab na capital paulista Marcelo Branco e Miguel Bucalem.

Na Assembleia Legislativa, a divulgação da lista se tornou assunto entre os deputados e houve reclamação de que há mais parlamentares federais do que estaduais na equipe.

De modo geral, porém, membros de partidos da base de Tarcísio, como PL, Republicanos e PSD, demonstraram apoio à escolha do governador, apesar de classificarem como mais técnica do que política.

"Da minha parte, eu respeito a escolha do governador, vamos estar aqui para apoiar o governo", diz o deputado estadual Alex de Madureira (PL). Ele menciona que a complexidade do estado de São Paulo deve ter orientado a decisão de Tarcísio: "ele precisa de um bom quadro técnico para começar o governo".

Partidos que apoiaram Rodrigo Garcia no primeiro turno e migraram para Tarcísio no segundo, como União Brasil, PP e o próprio PSDB, não marcaram presença na lista.

Entre esses partidos, há figuras importantes tentando manter o espaço que já têm no governo. Um deles é o presidente da Câmara Municipal de São Paulo, Milton Leite, dirigente da União Brasil, que mantém influência e indicação de cargos na pasta de Logística e Transporte.

Durante a eleição, ele mobilizou seu reduto por Tarcísio e Bolsonaro.

Até o momento, Leite não foi contemplado nesta área de infraestrutura, que conta com vários integrantes do grupo de Gilberto Kassab. A reportagem apurou que ele tem atuado nos bastidores para reverter o jogo a seu favor, o que inclui acenos em sua atuação na Câmara Municipal de São Paulo.

Tarcísio, porém, quer blindar pastas de infraestrutura, sua área de origem, levando apenas técnicos de sua confiança para lá.

O coordenador da transição, Guilherme Afif Domingos, afirmou que os partidos aliados poderão indicar nomes para fazer parte do governo. Mas já mandou recado que a influência será menor do que acontece atualmente no governo.

"Os partidos vão participar, mas podem indicar nomes para o critério técnico estabelecido pelo governador. [Os nomes] Têm que passar pelo crivo, e não há porteira fechada", disse.

Tarcísio, por sua vez, adiantou que há espaço para o aparecimento de nomes que hoje não estão na transição como secretários. Porém tem indicado que esses também pertencem à chamada ala técnica e atualmente podem estar em empresas ou organismos internacionais.

Veja a lista dos integrantes da equipe:

COORDENAÇÃO DA TRANSIÇÃO

Guilherme Afif Domingos (Coordenação Geral)
Arthur Luis Pinho de Lima
Lais Vita
Priscilla Perdicaris
Nelson Hervey Costa

AGRICULTURA E ABASTECIMENTO

Coronel Mello de Araújo
Edivaldo Del Grande
Frederico D'Avila
Guilherme Piai
Guilherme Ribeiro
João Sampaio
Ricardo Amadeu Sassi

DESENVOLVIMENTO SOCIAL, MULHERES E DIREITOS PCD

Ana Maria Velloso
Cezinha de Madureira
Cid Torquato
Cristiane Freitas
Deise Duque-Estrada
Filipe Sabará
Gilberto Nascimento Júnior
Marcone Vinicius Moraes de Souza
Maria Rosa
Rita Passos
Rosana Valle
Simone Marquetto
Sonaira Fernandes
Educação, Cultura e Esportes
Aildo Rodrigues
André Simmonds
Filomena Siqueira
Gustavo Souza Garbosa
Jair Ribeiro
José Roberto Walker
Karen Cristina Garcia
Lana Romani
Marcelo Magalhães
Maurreen Maggi
Patricia Borges
Paula Trabulsi
Pedro Machado Mastrobuono
Renato Feder
Talmo Oliveira
Thiago Peixoto
Valeria Bolsonaro
Vinícius Mendonça Neiva

GESTÃO, DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO, CIÊNCIA E TECNOLOGIA E GESTÃO E FINANÇAS

Anderson Correia
Bruno D'Abadia
Felicio Ramuth
Jorge Lima
Lucas Ferraz
Ricardo Britto
Rodrigo De Losso
Rui Gomes
Samuel Kinoshita
Vinicius Poit

MEIO AMBIENTE, HABITAÇÃO E INFRAESTRUTURA

Bruno Serapião
Claudio Bernardes
Lair Krahenbuhl
Marcelo Branco
Marcelo Coluccini
Marco Aurelio Costa
Marta Lisli Giannichi
Miguel Bucalen
Natália Resende Andrade Ávila
Paulo Ferreira
Rafael Benini
Ricardo Pereira Leite
Sérgio Henrique Codelo Nascimento

SAÚDE

Chao Lung Wen
Edmundo Baracat
Edson Rogatti
Eleuses Paiva
Esper Kallás
Fabio Jatene
Francisco Assis Cury
Francisco Ballestrin
Giovanni Guido Cerri
Gustavo Pereira Fraga
Helencar Ignacio
Helio Paiva
João Lauro Viana Camargo
José Eduardo Lutaif Dolci
José Luiz Gomes do Amaral
José Osmar Medina Pestana
Olímpio Bittar
Paulo Manoel Pego Fernandes
Sergio Okane
Tarcisio Eloy Pessoa Barros Filho

SEGURANÇA PÚBLICA E ADMINISTRAÇÃO PENITENCIÁRIA

Antônio Ferreira Pinto
Artur José Dian
Cássio Araújo de Freitas
Guilherme Muraro Derrite
João Henrique Martins
Nelson Santini
Paulo Maculevicius
Raquel Kobashi Gallinati Lombardi
Rodrigo Garcia Vilardi
TURISMO
Alain Baldacci
Alessandra Abrão
Alessandro Guiche
Ana Biselli
Armando Arruda Pereira de Campos Mello
Fernando Guinatto
Roberto de Lucena
Sergio Souza
Virgilio Nelson da Silva Carvalho

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