Jose Carlos Bumlai, réu em uma das ações da Operação Lava Jato, desistiu do depoimento do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva no processo em que responde pelos crimes de corrupção passiva, gestão fraudulenta e lavagem de dinheiro. Segundo o G1, a dispensa foi divulgada nesta sexta-feira (11).

O pecuarista estava preso desde novembro de 2015, pela 21ª fase da Lava Jato, batizada de Passe Livre, e está em cárcere na Região Metropolitana de Curitiba. Em depoimento dado à Polícia Federal, em dezembro, Bumlai admitiu fraude na quitação de um empréstimo de R$ 12 milhões feito por ele no Banco Schahin. Ele ainda declarou acreditar que o dinheiro seria para pagar dívidas de campanha eleitoral em Campinas (SP) e para "caixa 2" do Partido dos Trabalhadores.

Os advogados solicitaram que a Justiça insira ao processo uma declaração feita pelo ex-presidente. A declaração tem cinco itens e Lula afirma que conheceu Bumlai em 2002. “A partir daí tornamo-nos amigos, amizade que se estendeu as nossas famílias. Mantivemos convívio próximo em diversas ocasiões", disse o testemunho.

Neste período de amizade, os dois “jamais” trataram de assuntos políticos ou eventuais interesses de Bumlai junto ao governo federal, estatais ou empresas públicas, dizia ainda a declaração.

No último tópico, o ex-presidente afirma que considera Bumlai "um homem de bem, honesto e pai de famílai exemplar, tendo-o na mais alta conta".

O Ministério Público Federal (MPF) declara que, em 2004, o Banco Schahin concedeu empréstimo de R$ 12 milhões a José Carlos Bumlai. O destinatário real seria, no entanto, o PT. Tal empréstimo deveria ter sido pago até novembro de 2005, o que não ocorreu.

Para o MPF, a dívida foi paga com a contratação da Schahin para operar o navio sonda Vitória 10.000, da Petrobras, um dia após a assinatura do contrato entre a empresa de Bumlai e o Grupo Schahin. Bulmai havia sido hospitalizado na terça-feira (8), mas deixou o Hospital Santa Cruz, em Curitiba, nesta sexta (11).