7 em 10 acham que Tarcísio descumprirá promessas em SP, aponta Datafolha
Para o levantamento, o Datafolha fez entrevistas presenciais com 1.806 pessoas de 16 anos ou mais, em 65 municípios paulistas
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(FOLHAPRESS) - A capacidade do governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) de cumprir o que prometeu na campanha é colocada em xeque por 7 em cada 10 moradores de São Paulo, de acordo com pesquisa Datafolha feita entre segunda (3) e quarta-feira (5) da semana passada.
A parcela dos que acreditam que o aliado do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) vai honrar a maioria das promessas é de 25%. Somando-se os 64% que acham que Tarcísio cumprirá a maior parte da plataforma, mas não tudo, e os 8% que pensam que nada será efetivado, chega-se a um patamar de ceticismo de 72%.
Do total de entrevistados, 2% não sabem responder à pergunta.
Reportagem da Folha de S.Paulo em dezembro mostrou que o governador, eleito após quase 30 anos de predomínio do PSDB na máquina estadual, teria que cumprir uma promessa a cada 12 dias de mandato para realizar os 124 compromissos que assumiu ao pedir votos para si pela primeira vez na vida.
Para o levantamento, o Datafolha fez entrevistas presenciais com 1.806 pessoas de 16 anos ou mais, em 65 municípios paulistas. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou para menos.
Prestes a completar nesta segunda-feira (10) cem dias de governo, Tarcísio conta com boa vontade maior dos que votaram nele. O ex-ministro da Infraestrutura chegou ao cargo com 55,2% dos votos válidos no segundo turno, ante 44,7% do adversário Fernando Haddad (PT).
Entre os eleitores do vitorioso, a avaliação de que ele entregará quase a totalidade do que disse na propaganda é superior à média e bate 39%. Apenas 13% dos que escolheram Haddad pensam assim.
Também são mais favoráveis, entre os que preferiram o candidato do Republicanos, os percentuais dos que acham que ele executará a maior parte das promessas, embora não a maioria delas (55%), e dos que acreditam que ele não honrará nenhuma delas (5%).
As expectativas no capítulo de promessas acompanham os resultados captados na avaliação do governo -que é considerado ótimo ou bom por 44%, regular por 39% e ruim ou péssimo por 11%. A lógica é: quanto mais otimista a visão sobre a gestão, maior a aposta no cumprimento da palavra.
Dentro do primeiro grupo, o dos que aprovam o mandato, a opinião de que o chefe do Executivo concretizará a maior parte do que disse para se eleger chega a 44%, ou seja, 19 pontos percentuais acima da média (25%).
Na parcela oposta, a dos que reprovam o governo, o palpite de que nenhuma promessa será realizada é dado por 38% dos entrevistados, um patamar 30 pontos percentuais superior à média (8%).
Tarcísio tem buscado uma relação republicana com a oposição, tentando se dissociar do extremismo bolsonarista temido pelos que o combatiam no pleito do ano passado. Apesar de sinalizações como o diálogo com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), ele é alvo da esquerda no estado.
Os cem dias serão marcados por um evento nesta segunda para a apresentação de um balanço. Numa série de divulgações que começou a ser feita no fim de semana, o Palácio dos Bandeirantes enumerou feitos em áreas como infraestrutura, saúde, segurança pública e emprego.
Temas como a insustentável situação da cracolândia, a transferência da sede administrativa do governo para o centro da capital e a privatização da Sabesp, vitrine de um ambicioso pacote de desestatizações, compõem a lista de prioridades, mas têm avançado com velocidade irregular.
Por outro lado, uma das promessas que eram alvo de maior pressão da militância bolsonarista foi cumprida, com a sanção da lei aprovada na Assembleia para derrubar a exigência de comprovante de vacinação contra a Covid-19 no estado. O governador diz defender a liberdade individual.