Padilha diz que Tarcísio precisa explicar ausência em eventos oficiais com Lula
Segundo ele, o presidente segue convidando prefeitos e governadores durante atos que tem feito pelo país, independentemente do partido, mas que foi Tarcísio quem mudou de postura e tem decidido não comparecer aos eventos.
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Política ALEXANDRE-PADILHA
ANA GABRIELA OLIVEIRA LIMA
OSASCO, SP (FOLHAPRESS) - O ministro das Relações Institucionais, Alexandre Padilha, disse em entrevista nesta sexta-feira (5) em Osasco que o governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) precisa se explicar sobre por que não tem participado de atos com o presidente Lula.
Segundo ele, o presidente segue convidando prefeitos e governadores durante atos que tem feito pelo país, independentemente do partido, mas que foi Tarcísio quem mudou de postura e tem decidido não comparecer aos eventos.
O presidente Lula fecha nesta sexta-feira (5) o ciclo de viagens oficiais pelo país que contaram com a participação de pré-candidatos nas eleições 2024 aliados ao petista. A partir deste sábado (6), candidatos não podem comparecer a inaugurações de obras públicas, segundo a legislação eleitoral.
Pela manhã, o presidente participa de inauguração de um novo edifício no campus em Osasco da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo). No período da tarde, está prevista visita a obras do CEU (Centro Educacional Unificado) em Diadema.
Em Osasco, o pré-candidato pelo PT é o deputado estadual Emidio de Souza. Diadema é considerada reduto petista. Nela, José de Fillipi Jr., prefeito pelo partido, é pré-candidato a tentar a reeleição.
No mesmo dia, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), aposta do PT para as eleições da capital paulista, participa de uma agenda promovida pelo governo federal sobre o projeto Cozinha Solidária com os ministros Wellington Dias (Desenvolvimento Social) e Márcio Macêdo (Secretaria-Geral da Presidência da República).
O primeiro semestre deste ano foi de agenda intensa de viagens pelo Brasil, incluindo cidades consideradas estratégicas no mapa eleitoral do PT e do governo. O Palácio do Planalto nega caráter eleitoral nas viagens e argumenta que as agendas ocorrem em todo o Brasil.
O presidente tem aparecido publicamente com aliados em eventos de diferentes cidades pelo país. Na terça-feira (2), ele esteve na Bahia, onde participou de cortejo do 2 de Julho com o governador, Jerônimo Rodrigues (PT), Geraldo Júnior (MDB), vice-governador e pré-candidato a prefeito de Salvador, e Fabya Reis (PT), candidata a vice.
No sábado (29), Lula esteve em São Paulo anunciando, ao lado de Boulos, a inauguração de campi de instituições federais e a expansão do metrô.
Na ocasião, o presidente reclamou da ausência do prefeito Ricardo Nunes (MDB) e de Tarcísio. O governador participava de viagem internacional, e Nunes disse à imprensa que não iria ao evento porque o ato era político, não de governo.
Lula também afirmou que não citaria Boulos durante o evento, apesar de estar ao lado do deputado, após ter sido condenado por campanha antecipada no 1º de Maio.
Na quinta-feira (4), em cerimônia de entrega de ambulâncias do Samu em Salto (SP), Lula voltou a questionar a ausência de Tarcísio em eventos no estado. "É uma pena, porque o governador podia vir com a gente, mas ele não vem em nenhum lugar que eu convido", disse.
Nesta sexta, Tarcísio participa de eventos de inauguração de ambulatório em Osvaldo Cruz pela manhã. De tarde, a programação prevê entrega de moradias em Macedônia e em Cardoso.
Ao mesmo tempo em que tem promovido encontros públicos com aliados, Lula decidiu não ir a evento em Santa Catarina na véspera de encontro de Jair Bolsonaro (PL) e o presidente da Argentina, Javier Milei, no estado.
Bolsonaro e Milei participam neste fim de semana de conferência conservadora em Balneário Camboriú, enquanto viagem de Lula ao estado nesta semana chegou a ser divulgada pela mídia local.
A avaliação do Palácio do Planalto é que havia risco de desgaste político e hostilidade contra o presidente, considerando a força local do bolsonarismo e a realização do evento da direita. Já a Secom (Secretaria de Comunicação Social da Presidência) afirmou que a viagem nunca esteve na programação.
Em junho, o presidente admitiu se candidatar à reeleição para derrotar o que chamou de "trogloditas".
"Se for necessário ser candidato para evitar que os trogloditas que governaram esse governo voltem, eu serei candidato", afirmou à rádio CBN.
O ex-presidente Jair Bolsonaro está inelegível, mas tem dito a pessoas próximas que aposta em recursos no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) para reaver o direito de se candidatar.
Nesta quinta-feira (4), ele foi indiciado pela Polícia Federal em caso envolvendo investigação sobre venda de joias. O ex-presidente, que é suspeito de associação criminosa, peculato e lavagem de dinheiro, também é investigado por outros crimes, como adulteração de cartão de vacina e tentativa de golpe.