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Marçal defende Bolsonaro por joias e diz que União Brasil cobra caro por apoio

As declarações foram dadas em sabatina Folha/UOL

Marçal defende Bolsonaro por joias e diz que União Brasil cobra caro por apoio
Notícias ao Minuto Brasil

05:20 - 11/07/24 por Folhapress

Política Sabatina

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) - O pré-candidato à Prefeitura de São Paulo Pablo Marçal (PRTB) disse em sabatina nesta quarta-feira (10), no ciclo de entrevistas promovido por Folha de S.Paulo e UOL, que não está de "palhaçada" e que não venderá sua candidatura. O influenciador afirmou que deve contar com a União Brasil em sua coligação, mas que a legenda está cobrando caro pelo apoio.

O empresário não esclareceu, porém, o que de fato o partido pediu a ele. "Tipo minha alma. Não quero entregar isso", disse.

Como mostrou o Painel, Marçal acenou com apoio ao nome do governador de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), para disputar a Presidência da República em 2026, e ofereceu à União Brasil a vice em sua chapa.

Na sabatina, o ex-coach afirmou que o endosso a Caiado, a quem chamou de amigo, está condicionado à continuidade da inelegibilidade do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). "Isso se eles vierem e a gente acertar os ponteiros. Se eu cresço um pouco mais [nas pesquisas], vai ficar mais barato o que eles estão me pedindo."

Na pesquisa Datafolha mais recente, publicada na última semana, Marçal aparece com 10% das intenções de voto, atrás do prefeito Ricardo Nunes (MDB), com 24%, e do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), com 23%. O influenciador está empatado tecnicamente com o apresentador José Luiz Datena (PSDB), com 11%, com a deputada federal Tabata Amaral (PSB), com 7%, e com Marina Helena (Novo), com 5%.

O empresário também defendeu Bolsonaro, indiciado pela Polícia Federal no contexto da investigação sobre a venda de joias recebidas de presente pelo governo brasileiro.

Ele questionou a independência da PF, acusando a corporação de produzir notícias falsas, afirmou que o ex-presidente está sendo massacrado pela mídia e sugeriu que isso acontece como uma forma de desviar a atenção da população do aumento do gás e da gasolina. "Se Bolsonaro tem acesso aos presentes (...), o presente é dele. (...) Se não pode ficar com os presentes, eu duvido que ele vai ficar. É só devolver".

No primeiro momento em que foi perguntado sobre o assunto, porém, o empresário afirmou: "Se não pode ser vendido no exterior, ele que arque com isso".

Fabíola Cidral conduziu a sabatina, com participação das jornalistas Raquel Landim, do UOL, e Carolina Linhares, repórter da Folha.

O influenciador também afirmou que quer ser prefeito de São Paulo porque tem o sonho de transformar o Brasil em um país de primeiro mundo. Disse que não tem interesse no salário do cargo e que o prefeito ganha menos do que um piloto de helicóptero contratado por ele.

Marçal afirmou que não é possível achar notícias boas sobre ele na internet porque ele não paga por isso e que gostaria de comprar seus próprios veículos de comunicação. "Tenho vontade de comprar uns dez sites iguais ao de vocês, UOL, Folha, para ver se controla esse país." Questionado se o objetivo com isso seria manipular a informação, ele respondeu que seria "para falar a verdade".

De olho nos apoiadores de Bolsonaro, que endossa a reeleição de Nunes, o ex-coach disse que os eleitores do ex-presidente pensam e que não são movidos apenas por paixão. Marçal afirmou que tem recebido mensagens desses apoiadores, surpresos com seu desempenho.

O empresário também disse acreditar que o prefeito ainda se livrará do vice indicado por Bolsonaro, o ex-Rota Ricardo Mello Araújo (PL), que colocará uma mulher na posição e que, com isso, o ex-presidente deixará sua campanha. Marçal afirmou que ele próprio deseja uma mulher como vice, e que está conversando com uma vereadora.

Ele, porém, não se comprometeu a indicar uma mulher para a posição: "Se eu falar 'eu quero uma mulher [para vice]', e se ela for incompetente? Aí beleza, agora pensa uma mulher competente, que não tem o mesmo ideal que eu, o que ela vai fazer com a prefeitura. Aí vou colocar o sexo em primeiro lugar e vou me ferrar".

Questionado sobre ter sugerido que Tabata não tem condições de ser prefeita por ser solteira e não ter filhos, Marçal indicou que se referia ao que enxerga como imaturidade da deputada, a quem chamou de "garota".

"Até te peço perdão se você achou isso [sobre suposto machismo a respeito de Tabata]. Mas faltou falar que ela não empreendeu, não pagou milhões em impostos, que ela é uma garota. (...) Hoje eu sigo ela, acompanho tudo que ela faz. Eu acho ela uma garota brilhante."

O empresário afirmou que respeita as mulheres e falou sobre sua relação com mulheres de sua família: "Eu tenho minha filha Isabela, de 2 anos, tenho a minha esposa, que eu casei virgem com ela, minha única namorada, eu tenho minha mãe que desde que meu pai divorciou eu sustento ela".

No início do mês, em entrevista a um podcast da revista IstoÉ, Marçal sugeriu que Tabata abandonou o pai quando se mudou para os Estados Unidos para estudar na universidade Harvard e que o suicídio dele foi consequência disso.

O empresário não se retratou durante a sabatina e afirmou que a família é responsável quando uma pessoa se mata.

"Toda família é responsável pelos seus. Ninguém se mata do nada, ninguém entra no vício do nada. As pessoas que estão abandonadas nas ruas, é porque a família abandonou."

Perguntado sobre como lidará com a cracolândia, o influenciador respondeu que tratará os frequentadores "como família". "Tratar essas pessoas como família, porque essas famílias já desistiram deles. Esse é o problema. [Tem] 63 mil pessoas na rua, se eu tivesse 20 Filipe Sabarás [coordenador de seu programa de governo e ex-secretário-executivo do Desenvolvimento Social] com a Arca, que é uma ONG que tirou 3.500 pessoas, no máximo em dois anos a gente tira todo mundo", disse.

Marçal também prometeu construir um "cinturão de teleféricos" interligando as favelas da cidade, como solução para a mobilidade. "Vamos transformar as comunidades em polos turísticos e gastronômicos. Aí vamos colocar um teleférico rasgando o céu de São Paulo. Em vez de só se preocupar com tarifa de ônibus, nós vamos colocar esse teleférico", afirmou.

Perguntado se manterá a tarifa zero dos ônibus aos domingos, caso eleito, o influenciador primeiro respondeu que imagina que a população não queira rodar a cidade durante o fim de semana, mas sim descansar. Depois, como de costume, redirecionou o discurso e disse que consultará o povo sobre a continuidade da medida.

Ao longo da sabatina, Marçal traçou comparações entre ele e outros líderes políticos. Questionado sobre como financiará a campanha, ele respondeu que não usará o fundo partidário e mencionou que o ex-presidente dos Estados Unidos Donald Trump já arrecadou mais de 1 bilhão para a corrida eleitoral deste ano.

Perguntado sobre como fará para angariar votos e chegar ao segundo turno, o empresário disse que Bolsonaro também enfrentava questionamentos sobre ter um teto limitado de eleitores, mas que acabou se tornando presidente.

Pablo Marçal é bacharel em direito. Empresário e influencer, tem mais de 10 milhões de seguidores no Instagram. Tentou concorrer a presidente e deputado federal pelo Pros em 2022, chegando a ser eleito no segundo caso, mas a Justiça derrubou as candidaturas em meio a uma disputa pelo comando da legenda.

Além dele, outros três postulantes foram convidados. Nesta sexta-feira (12), às 10h, será a vez do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL). Na segunda-feira (15), também às 10h, o prefeito Ricardo Nunes (MDB) será entrevistado, e na terça-feira (16), às 10h, participará José Luiz Datena (PSDB).

A série de sabatinas começou por Belo Horizonte, há duas semanas. Nas últimas semanas, os pré-candidatos de Salvador, Porto Alegre e Recife foram entrevistados. Ainda haverá outras com concorrentes de mais 13 cidades.

Além disso, Folha de S.Paulo e UOL promoverão debate com os principais candidatos à Prefeitura de São Paulo. O encontro no primeiro turno será em 30 de setembro, às 10h. Caso haja segundo turno, haverá outro em 21 de outubro, também às 10h.

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