Bruno Reis exalta gestão, ignora Bolsonaro e oficializa candidatura em Salvador
A convenção foi realizada em clima festivo no Centro de Convenções de Salvador, com apresentação de grupos de percussão, orações no palco e presença de líderes do partido como ACM Neto e Elmar Nascimento
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Política BRUNO-REIS
(FOHAPRESS) - O prefeito de Salvador, Bruno Reis (União Brasil), oficializou na tarde desta quinta-feira (25) sua candidatura à reeleição ancorado por uma coligação de 13 partidos e buscando distância da polarização nacional.
A convenção foi realizada em clima festivo no Centro de Convenções de Salvador, com apresentação de grupos de percussão, orações no palco e presença de líderes do partido como ACM Neto e Elmar Nascimento. A vice-prefeita Ana Paula Matos (PDT) foi confirmada na chapa, repetindo a dobradinha de 2020.
A disputa em Salvador deve replicar o cenário de polarização entre dois principais grupos políticos da Bahia, liderados pelo PT e pela União Brasil. Na oposição, o principal candidato será o vice-governador Geraldo Júnior (MDB), com apoio do governador Jerônimo Rodrigues (PT).
Reis começou o discurso com uma oração e evitou referências ao presidente Lula (PT) e ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Mirando na disputa local, exaltou os quatro anos de sua gestão, relembrou dos desafios da pandemia, fez críticas ao governo de Jerônimo Rodrigues (PT) e provocou os adversários.
"Sou grato para quem me dá oportunidades. Eu não traio ninguém. Eu não mudo de lado. Eu não sou lá e lô. Eu não sou lero-lero", afirmou o prefeito, em discurso inflamado.
A declaração foi uma referência indireta a Geraldo Júnior, que foi vereador por quatro mandatos, presidente da Câmara e até 2022 era aliado de Bruno Reis e ACM Neto.
Mesmo recebendo o apoio do PL, Bruno Reis não fez referências ao ex-presidente Jair Bolsonaro. O presidente estadual do partido, o ex-ministro João Roma, não compareceu ao evento - ele rompeu com ACM Neto em 2021, mas este ano voltou a estreitar relações com Bruno Reis.
Em seu discurso, o atual prefeito também criticou os adversários por defenderem um alinhamento entre os governo federal, estadual e municipal: "Quem precisa de alinhamento é pneu, o que a gente precisa é gente competente, amor às pessoas e trabalho pelos mais pobres", afirmou.
Antecipando o embate estadual de 2026, Bruno Reis fez críticas à gestão de Jerônimo Rodrigues, citando problemas na segurança pública e na saúde.
Pouco antes, em discurso, o ex-prefeito ACM Neto indicou que deve concorrer novamente ao governo: "Meu sonho para a Bahia segue mais vivo do que nunca". Em 2022, ele entrou na eleição como favorito, mas foi derrotado por Jerônimo Rodrigues.
A reeleição de Bruno Reis é considerada crucial para garantir a coesão do grupo político liderado pelo ex-prefeito ACM Neto (União Brasil), derrotado na disputa pelo governo do estado em 2022.
O grupo comanda a capital há 12 anos, mas não consegue sucesso em eleições para o governo do estado e para o Senado na Bahia desde 2002. Para tentar retomar o protagonismo, o grupo oposicionista traçou uma estratégia que mira as cidades grandes e médias da Bahia.
Esta será a primeira vez que o partido vai para a disputa como um partido da base de um governo federal liderado pelo PT. A União Brasil aderiu ao governo Lula e indicou ministros da Integração Nacional, Comunicações e Turismo. Mesmo assim, a sigla segue rachada no Congresso Nacional.
Bruno Reis tem 47 anos, é formado em direito e tem mestrado em administração. Começou sua trajetória política como deputado estadual em 2010. Foi secretário nas gestões de ACM Neto na prefeitura e vice-prefeito entre 2017 e 2020.
Nesta eleição, ele terá o apoio de União Brasil, PDT, PL, Republicanos, PSDB, Cidadania, PP, Novo, DC, PRD, PMB, PRTB e Mobiliza, que devem contar com cerca de 600 candidatos a vereador.
Sua gestão na prefeitura tem sido alvo de críticas em áreas como ocupação urbana, meio ambiente e transporte público.
Na pré-campanha, o prefeito tem sido cobrado pelos problemas na frota de ônibus e pelo controverso projeto do BRT, sistema de linhas exclusivas de ônibus com viadutos que custou R$ 795 milhões.
Outro ponto de polêmica é a desafetação de 40 terrenos na capital baiana, incluindo áreas verdes, demandada por Reis em dezembro. A autorização para venda ou cessão das áreas foi concedida pela Câmara Municipal, sob críticas de entidades da sociedade civil.
Também concorre à prefeitura o sindicalista Kleber Rosa (PSOL), que vai tentar atrair uma parcela do eleitorado de esquerda órfão de uma candidatura própria do PT. Dentre legendas mais à esquerda, concorrem Eslane Paixão (UP), Victor Marinho (PSTU) e Giovani Damico (PCB).
As convenções em Salvador seguem ao longo dos próximos dias. Kleber Rosa oficializa sua candidatura nesta sexta-feira (26) no Centro de Cultura da Câmara de Vereadores. No dia 4 de agosto será a vez de Geraldo Júnior fazer a sua convenção em ato na Arena Fonte Nova.
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