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PF decide seguir investigação sobre Nunes e aponta suspeita de lavagem de dinheiro

A sequência das investigações tem como um dos objetivos apurar suspeitas de lavagem de dinheiro pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) quando ele ainda era vereador da cidade

PF decide seguir investigação sobre Nunes e aponta suspeita de lavagem de dinheiro
Notícias ao Minuto Brasil

17:45 - 31/07/24 por Folhapress

Política RICARDO-NUNES

(FOLHAPRESS) - A Polícia Federal decidiu nesta terça-feira (30) dar continuidade a um inquérito sobre a "máfia das creches" de São Paulo. A sequência das investigações tem como um dos objetivos apurar suspeitas de lavagem de dinheiro pelo atual prefeito Ricardo Nunes (MDB) quando ele ainda era vereador da cidade.

 

A corporação concluiu até agora parte da apuração do caso, com o indiciamento de mais de 100 pessoas suspeitas de desvios de valores destinados às unidades de ensino infantis na capital paulista. O inquérito em parte finalizado nesta terça começou em junho de 2019 e teve nova movimentação agora.

Em nota, Nunes nega irregularidades e afirma que houve análise incorreta dos múltiplos documentos apresentados pela defesa a dois meses das eleições. "O prefeito Ricardo Nunes não foi indiciado. No procedimento, nunca houve nenhuma acusação contra Ricardo Nunes e a empresa Nikkey."

O principal eixo da investigação é a suspeita de que entidades gestoras de creches teriam recebido de volta parte do dinheiro contabilizado como despesas com materiais. As empresas faziam os repasses via cheques, depósitos e boletos, beneficiando pessoas ligadas à administração dessas entidades.

Apenas uma fornecedora no caso, uma loja de materiais escolares, movimentou R$ 163 milhões.

No caso do prefeito, pré-candidato à reeleição, não há indiciamento até aqui. Mas foi apontada pela PF a necessidade de novas investigações em razão da suspeita de envolvimento dele em lavagem de dinheiro por meio de uma empresa de construção também na mira da polícia.

Além disso, a PF diz que Nunes não apresentou as notas fiscais relativas aos serviços que ele alega serem a origem de depósitos em sua conta pessoal.

A investigação da PF aponta suspeitas em transações de uma empresa conhecida como "noteira" do esquema das creches com Nunes e cita relações dele com pessoas ligadas à Acria (Associação Amiga da Criança e do Adolescente), entidade que gere creches conveniadas com a qual Nunes tem proximidade.

Conforme a Folha de S.Paulo revelou em 2021, Nunes e uma empresa de sua família, a Nikkey Serviços S/S Ltda, receberam em 2018 mais de R$ 30 mil em valores da empresa Francisca Jacqueline Oliveira Braz. O prefeito sempre alegou que se tratou de uma prestação de serviços.

Já nesta terça-feira a Folha revelou vídeo no qual uma investigada no caso, Rosângela Crepaldi, descarta a prestação de serviços por Nunes e diz ter atuado na devolução desses valores a pessoas ligadas às ONGs.

"Foi repasse", disse. "[Nunes] nunca prestou nenhum serviço", completa, em trecho de vídeo obtido pela reportagem.
A PF afirma que no decorrer da investigação o prefeito não apresentou as notas fiscais correspondentes aos serviços que ele diz terem sido realizados.

Segundo o relatório, Nunes "alegou, entre outras coisas, que na contabilidade da empresa Nikkey Serviços existem registros que apontam a movimentação de entrada das importâncias e emissão de notas fiscais por prestação de serviços, porém esse documento não foi localizado".

Relatório do órgão federal Coaf, segundo a PF, ainda revelou "movimentações atípicas nas contas de titularidade" do prefeito e de empresas relacionadas, "consideradas incompatíveis com a capacidade financeira do cliente".

O documento fala sobre a suspeita de que a situação se "amoldaria ao crime de lavagem de dinheiro".

Segundo o documento obtido pela Folha, "faz-se necessária a continuidade das investigações em relação aos fatos envolvendo a Osc Acria e o então vereador Ricardo Luis Reis Nunes".

A PF investiga ainda repasses milionários feitos pela Acria, entidade ligada a Nunes. Nos vídeos obtidos pela reportagem, Rosângela trata do tema. "Todo esse trâmite da Acria era administrado por essas pessoas [ligadas a Nunes], mas a gente sabia que era ele [Nunes]."

Documento da PF cita valores exatos em que a Acria teria enviado R$ 2,5 milhões à empresa Francisca Jacqueline, sendo R$ 1,3 milhão devolvidos à entidade.

PREFEITO NEGA IRREGULARIDADE E VÊ ERRO DA PF

Em nota à reportagem, Nunes nega irregularidades, diz ter prestado todos os esclarecimentos e reforça que 111 pessoas foram indiciadas, o que não ocorreu com o prefeito.

"Na conclusão do inquérito e apenas em razão de análise incorreta dos múltiplos documentos que foram juntados pela defesa, o delegado sugere que deveriam ser verificados os pagamentos que foram feitos à empresa Nikkey por serviços prestados, cujas notas foram contabilizadas e com os impostos recolhidos."

Nunes voltou a se pronunciar sobre o vídeo de Rosângela Crepaldi, que, segundo ele, será alvo de medidas criminais por calúnia e outras infrações penais. "É perversa e muito suspeita essa manobra rasteira às vésperas de uma eleição."

Procurado pela reportagem, o advogado de Rosângela, William Albuquerque de Sousa Faria, diz em nota que o vídeo foi produzido por questões de segurança e que não havia intenção de torná-lo público. O vídeo obtido pela reportagem não faz parte de inquérito da Polícia Federal sobre o assunto. Nos autos, Rosângela se manteve em silêncio.

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