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Aliados de Lula veem Marçal competitivo e desafio maior para Nunes e direita após Datafolha

Na avaliação deles, os dados do Datafolha mostram Marçal competitivo. Afirmam, no entanto, que esse crescimento é um problema maior para o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição -além de representar um possível racha na direita.

Aliados de Lula veem Marçal competitivo e desafio maior para Nunes e direita após Datafolha
Notícias ao Minuto Brasil

09:45 - 24/08/24 por Folhapress

Política ELEIÇÕES-SP

CATIA SEABRA E RENATO MACHADO
BRASÍLIA, DF (FOLHAPRESS) - Aliados do presidente Lula (PT) e integrantes do governo reconhecem apreensão com a velocidade de subida nas pesquisas do candidato Pablo Marçal (PRTB), que embolou a disputa pela Prefeitura de São Paulo.

 

Na avaliação deles, os dados do Datafolha mostram Marçal competitivo. Afirmam, no entanto, que esse crescimento é um problema maior para o atual prefeito Ricardo Nunes (MDB), que busca a reeleição -além de representar um possível racha na direita.

Lula apoia a candidatura de Guilherme Boulos (PSOL), que tem a petista Marta Suplicy como vice.

Entre aliados do presidente, há a leitura política de que o fortalecimento do influencer pode representar um racha no campo da direita. E que, para chegar ao segundo turno, Nunes terá que fazer movimentos à direita.

Pesquisa Datafolha divulgada na quinta-feira (22) mostrou que Marçal cresceu sete pontos em duas semanas e está empatado na liderança da disputa pela prefeitura. Ele marcou 21%, no mesmo patamar do deputado Guilherme Boulos, que oscilou de 22% para 23%, e de Ricardo Nunes, que foi de 23% para 19%.

Marçal ultrapassou numericamente o prefeito e deixou para trás o apresentador José Luiz Datena (PSDB), que também havia registrado 14% e agora está com 10%. O influenciador subiu no espaço do recuo de Nunes e do tucano.

Depois deles vêm a deputada Tabata Amaral (PSB), que oscilou de 7% para 8%, e a empresária Marina Helena (Novo), que ficou em 4%. Disseram votar em branco e nulo 8% (eram 11%), e não souberam responder 4% (3% na anterior).
O resultado de Marçal aparece em meio a uma campanha agressiva, baseada em uma forte presença e engajamento nas redes sociais. Ele também se envolve em polêmicas e mantém uma série de ataques, como ao acusar sem provas Boulos de ser usuários de drogas.

Pessoas ligadas ao presidente manifestaram surpresa com o ritmo rápido do candidato do PRTB nas pesquisas, mas consideram que isso não traria inicialmente problemas para a chapa do PSOL. O entorno do presidente aposta na presença de Lula para crescimento na periferia.

Como o atual prefeito vai precisar reagir e voltar a sua munição contra Marçal, isso pode deixar o confronto com Boulos em compasso de espera –o que pode trazer alívio ao psolista, ainda segundo essas avaliações.

Um outro interlocutor, por sua vez, busca minimizar a subida inicial de Marçal, argumentando que ainda é o início da corrida eleitoral. Lembra que Celso Russomano (Republicanos), que também se vendia inicialmente como um personagem fora do establishment, costumava liderar as pesquisas de intenção de votos pela prefeitura de São Paulo, mas depois perdia fôlego.

O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB), na mesma linha, buscou minimizar a subida de Pablo Marçal. Acrescentou que a campanha eleitoral mal começou.

"Eleição só começa depois da parada, de 7 de Setembro. Isso é apenas o momento", afirmou Alckmin à Folha na quinta, ao deixar a cerimônia de posse do novo presidente do STJ (Superior Tribunal de Justiça), ministro Herman Benjamin. Alckmin é filiado ao PSB, partido de Tabata Amaral.

As impressões de integrantes do governo sobre a disputa na capital paulista também refletiram o cenário nacional, já pensando nas eleições de 2026.
Uma ala do governo Lula e aliados afirma que a subida de Marçal pode provocar um racha no campo da direita, afetando o bolsonarismo a nível nacional e a longo prazo. Diluiria assim o capital político do ex-presidente para 2026, quando buscará eleger aliados, por estar inelegível.

Não à toa, alguns dos principais nomes do bolsonarismo, incluindo os filhos do ex-presidente, passaram a direcionar críticas a Marçal. O próprio Jair Bolsonaro fez questão de se distanciar do influenciador, ao rebatê-lo nas redes sociais.

Após uma postagem de Bolsonaro, Marçal buscou exaltar o ex-presidente, mas acabou sendo ironizado. "Para cima deles, capitão. Como você disse: eles vão sentir saudades de nós", escreveu o influencer. Bolsonaro respondeu: "Nós? Um abraço."

Também na cerimônia no STJ, o senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ) afirmou que o grupo político busca vencer as eleições de 2026, mas que esse processo passa por 2024, pelas composições políticas formadas para as eleições municipais deste ano.

Apesar de evitar críticas diretas a Marçal, sinalizou que o influenciador força uma situação que rompe com a estratégia nacional do bolsonarismo. Por isso, diz ser importante que aquele que "considera o Jair Bolsonaro ouça o que ele está dizendo e siga o pedido de voto em Ricardo Nunes".

"A campanha nem começou na verdade ainda. Assim, eu acho que o presidente Bolsonaro merece muito mais respeito e confiança de quem está caminhando com ele, de quem já acompanhou desde o início tudo, o que ele já passou, o que ele já conseguiu de conquistas, o que está sofrendo de perseguição. Então eu, se fosse eleitor de São Paulo, certamente escolheria o candidato que o presidente Bolsonaro indicasse", afirmou o senador.

"Obviamente você não pode olhar para a eleição em São Paulo olhando para uma árvore. Você tem que olhar para a floresta inteira, que é a eleição do Brasil, que vai fazer muita diferença em 2026. O resgate do Brasil em 2026 passa pelas eleições de 2024, e São Paulo é apenas uma dessas árvores", completou.

Apesar dos movimentos do clã Bolsonaro, aliados de Lula lembram que o apoio de padrinhos políticos não basta para garantir uma eleição. Um dos exemplos citados é o fraco desempenho do candidato petista, Jilmar Tatto, nas eleições de 2020. Ele não chegou ao segundo turno, mesmo com uso das imagens de Lula na campanha.

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