Repúdio a Marçal por laudo falso une adversários de Boulos; Bolsonaro cobra influenciador
No Rio de Janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o candidato do PRTB tem que comprovar sua alegação. "Cabe a ele [Marçal] provar que é verdadeiro."
© Getty, Divulgação
Política PABLO-MARÇAL
(FOLHAPRESS) - Além dos aliados de Guilherme Boulos (PSOL), adversários políticos e até bolsonaristas, como o pastor Silas Malafaia, criticaram a atitude de Pablo Marçal (PRTB) de divulgar um laudo falso para associar o candidato do PSOL ao uso de drogas.
No Rio de Janeiro, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) disse que o candidato do PRTB tem que comprovar sua alegação. "Cabe a ele [Marçal] provar que é verdadeiro."
Os candidatos à Prefeitura de São Paulo Ricardo Nunes (MDB), Tabata Amaral (PSB) e José Luiz Datena (PSDB) se pronunciaram neste sábado e pediram intervenção da Justiça.
Nunes classificou como crime a postagem de Marçal. "A Justiça precisa ser célere, analisar todas as provas e colocar um basta nesse jogo rasteiro da eleição para o comando da maior cidade do país", afirmou o emedebista.
"Mesmo se não fosse falso seria um ato criminoso. Está muito bem tipificado isso na lei eleitoral. É lamentável. Ele está agindo da mesma maneira que atuou a campanha inteira ferindo de forma drástica nossa democracia", disse.
O prefeito chamou Marçal de "mentiroso", "pessoa má" e "até difícil de descrever". Disse ainda acreditar que o autodenominado ex-coach pode ter alguma atitude parecida em relação a ele próprio.
Já o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), afirmou que, "se o Brasil fosse sério, Pablo Marçal, seria preso". Principal apoiador de Nunes, Tarcísio disse acreditar que o episódio revelou a identidade do autodenominado ex-coach.
"É surreal o que está acontecendo, o descaramento de soltar um documento desse, eu não consigo acompanhar", afirmou Tarcísio, ao lado do prefeito na zona leste. "As pessoas que estavam encantadas vão ver que ele não é fiel, confiável, que faz qualquer coisa para chegar ao poder."
Tabata defendeu a prisão de Marçal. "Esse homem é um perigo, representa o que há de pior na política, mas em toda a sociedade. Tudo o que Pablo Marçal quer é que a gente passe as próximas falando sobre ele", disse a deputada.
O presidente Lula (PT) afirmou que a Justiça tinha que agir rapidamente no caso do falso laudo e comparou Marçal a Bolsonaro, ao citar o uso de mentiras. As falas foram ditas após caminhada com Boulos na avenida Paulista.
"É importante que a Justiça, que eu respeito muito, leve em conta que a gente não pode mais fazer campanha com alguém que só sabe provocar, que só sabe mentir", disse Lula.
"Quando se trata de uma eleição, esse processo tem que ser julgado imediatamente, porque precisa ser julgado para que o povo, ao votar, saiba que o candidato não tem nenhum ilícito na sua vida, não contou mentiras, e quem contou mentiras seja punido", acrescentou.
Ao chegar à avenida, Boulos disse que a farsa de Marçal foi desmascarada e que a verdade vencerá a mentira.
Ao lado de Tabata, o vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) tratou o caso como "muito grave" e consequência do bolsonarismo. "O termo é esse, selvageria. Isso já vem de algum tempo. Eu acho que é um pouco também da escola Bolsonaro", afirmou o ex-governador.
Em um vídeo, Datena disse que Marçal deverá ser responsabilizado na Justiça pelas acusações falsas que fez ao longo da campanha. O apresentador de televisão recordou que foi acusado de estupro indevidamente -e deu cadeirada em Marçal no debate da TV Cultura.
"Eu avisei, eu fiz o que tinha que fazer, parei uma agressão verbal de um crime hediondo que eu jamais fui acusado de estupro. Parei da forma com que podia parar, em legítima defesa. Essa agressão a mim foi lamentável contra a minha honra e da minha família", afirmou Datena.
"Esta é a realidade do Pablo Marçal, que acusa e acusa e acusa sem provas, ignorando a lei. Desde o princípio eu venho alertando para o perigo desse cidadão inominável à democracia. Não me ouviram", completou.
No debate da Cultura, antes da cadeirada, Marçal chamou o tucano de de "Jack", uma gíria usada em presídios para identificar acusados de estupro. Marçal se referia a denúncia de assédio sexual feita pela repórter Bruna Drews contra Datena -o caso foi arquivado em 2019.
Em nota, o ex-senador José Aníbal, presidente do PSDB na capital e candidato a vice na chapa de Datena, chamou Marçal de delinquente. "Pablo Marçal confirma, mais uma vez, que é um delinquente compulsivo e capaz de qualquer crime", escreveu Aníbal. "O ataque a Boulos é gravíssimo. Feito com o propósito de tumultuar as eleições e fraudar a vontade do eleitor."
Já o presidente do MDB e coordenador da campanha de Nunes, Baleia Rossi, declarou ao Painel que o candidato do PRTB rompeu o limite da ética.
"Na política, você tem a disputa, o que é normal, ganhar ou perder faz parte. Mas tem que ter limite ético. Isso daí é uma coisa absolutamente fora da normalidade democrática", afirmou Baleia.
BOLSONARO
Nunes ainda falou sobre a live realizada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro, na noite desta sexta-feira (4), com participação do candidato a vice-prefeito, Mello Araújo.
"O presidente já vinha falando bastante que vinha apoiando a gente, acabou criando algumas situações que demonstravam o contrário a isso, mas, na verdade, ele estava na nossa convenção. Ontem acho que foi mais contundente por causa dos últimos episódios, de pessoas que se elegeram só por conta dele e depois não seguem o que ele deu como diretriz, que é o apoio da nossa candidatura", disse.
Na manhã deste sábado, o prefeito percorreu 15 km na região de Sapopemba, na zona leste. Nunes estava em cima de um Jeep amarelo, junto do ex-secretário municipal de saúde, Edson Aparecido, e de Tomás Covas, filho do ex-prefeito Bruno Covas, morto em 2021.
Leia Também: Filha de médico citado em laudo falso pede inelegibilidade de Marçal