A Comissão de Ética da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul aprovou o relatório que pede a cassação do mandato do deputado estadual Mário Jardel (PSD).

A votação contou com 12 votos a zero e o parecer agora será enviado à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) e, depois, submetido ao plenário da Casa, o que deve acontecer num prazo de 30 dias.

A reportagem do jornal Zero Hora destaca que, o relator do processo, deputado Sérgio Turra (PP), fez um contundente extrato do que seriam as atividades indecorosas de Jardel no exercício do cargo. Turra refere que, segundo depoimento de ex-assessores de Jardel, o deputado fraudou diárias e a indenização veicular, "dentre outras falcatruas orquestradas".

Além disso, o relator lembrou o envolvimento de Jardel com o tráfico de drogas, cuja dependência seria custeada com dinheiro público, além do fato de ter empregado no gabinete a mulher do seu traficante pessoal. Turra também criticou a postura do ex-jogador, que alegou ser "vítima de processo para expurgá-lo do parlamento", e os critérios dos partidos na escolha dos candidatos, "que privilegiam celebridades, na maioria das vezes sem qualquer identidade política".

Jardel está de licença médica até 18 de julho e não compareceu à sessão. O advogado dele, Nedy Marques, não respondeu às acusações. A publicação cita que, sem mencionar os fatos imputados ao cliente, a defesa pediu a nulidade do processo, alegando um "evidente e escancarado cerceamento da defesa". Marques ainda afirma que Jardel não havia sido ouvido e que o relator teria de esperar a recuperação do seu cliente para concluir o relatório.

"Segundo o psiquiatra, Jardel vive um grave quadro de depressão. Estava doente, com um atestado colhido pela Assembleia e não foi sequer notificado", disse o advogado do deputado.

Jardel corre o risco de ser cassado e terá de dar explicações à Justiça. O deputado é acusado de ficar com parte dos salários de funcionários do gabinete, falsificar notas fiscais para receber diárias, possuir funcionário fantasma e até mesmo comprar drogas com dinheiro público. O ex-jogador já foi denunciado pelo Ministério Público por crimes como peculato, uso de documento falso, concussão e de pertencer a organização criminosa.

A reportagem recorda que, se receber a pena capital, Jardel será o segundo deputado estadual cassado na atual legislatura. Em novembro de 2015, Diógenes Basegio (PDT) perdeu o cargo sob acusação de obrigar assessores do gabinete a devolver parte dos salários.