Marina Silva não queria aparecer associada a OAS, diz delator
Candidata à presidência em 2010, Marina nega que tenha ter recebido contribuições ilícitas para sua campanha
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Política Delação Premiada
Léo
Pinheiro, um dos
sócios do grupo OAS, em suas negociações para fechar acordo de delação premiada com procuradores da Lava Jato, contou que representantes de Marina Silva lhe procuraram para pedir contribuição para o caixa dois da campanha presidencial de 2010, já que ela não queria aparecer associada a empreiteiras.
A informação sobre a delação do
empresário
foi revelada pelo Globo no domingo (12) e confirmada pela Folha de S. Paulo. Naquele ano, Marina foi candidata à presidência pelo PV e acabou derrotada por Dilma
Rousseff
(PT).
Pinheiro relatou que a contribuição foi solicitada por Guilherme Leal, sócio da Natura e um dos principais
apoiadores
de Marina no cenário empresarial, e Alfredo
Sirkis, um dos coordenadores da campanha do partido.
Candidato a vice na chapa de Marina em 2010, Leal diz ter recebido Pinheiro em seu escritório, em São Paulo. Ainda segundo empresário, o
empreiteiro foi levado ao encontro por
Sirkis.
No entanto, Leal e
Sirkis
negam ter recebido contribuições ilícitas. De acordo com
eles, a reunião com Pinheiro ocorreu em maio de 2010, quando a campanha não havia começado. A OAS fez uma doação legal ao PV do Rio.
Marina Silva afirma que também não usou
recursos de caixa dois na campanha daquele ano:
"Nunca usei um real em minhas campanhas que não tivesse sido regularmente declarado", declarou em nota. Ela ainda disse apoiar a Operação Lava Jato e pediu que os procuradores e a Polícia Federal investiguem a declaração do empreiteiro sobre o suposto caixa dois em sua campanha de 2010.
Segundo
Sirkis, a OAS doou R$ 400 mil para o PV do Rio de Janeiro e a contribuição foi registrada na Justiça eleitoral. Esta seria a razão de a doação não ter aparecido na prestação de contas da disputa em 2010, entregue pela candidata ao órgão fiscalizador.
A candidata justificou que aceitava essas doações em 2010 porque a campanha presidencial havia sido curta e não houve tempo para mobilizar os seus
apoiadores.
"Posso assegurar à opinião pública brasileira que, neste momento em que a sarjeta da política já esta repleta de denunciados, o melhor caminho é confiar no trabalho do Ministério Público e da Polícia Federal", afirma.
Segundo Leal, a OAS não doou à
campanha de Marina, mas sim para o comitê financeiro do PV do Rio. Essa doação está registrada no Tribunal Superior Eleitoral.
"Isso é mentira. Repudio com veemência este tipo de ataque à minha honra", diz.
O advogado José Luís Oliveira Lima, que defende
Léo
Pinheiro, afirmou que "as conversas com os procuradores são sigilosas" e, por esse motivo, não poderia se manifestar.