Temer é presidente com mais MPs no início da gestão desde Collor
O interino já editou 16 medidas provisórias em dois meses
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Política PMDB
O interino Michel Temer (PMDB-RJ) é o presidente da República que mais editou medidas provisórias (MP)
no início de uma gestão desde Fernando
Collor
(1990) e seu controverso plano para enfrentar
a inflação com o confisco da poupança e de depósitos bancários.
De acordo com o jornal O Tempo, desde que assumiu, o
peemedebista
editou 16
MPs, principal instrumento usado pelo Executivo para legislar e que deve se limitar a temas com urgência e importância.
Entre outros assuntos, as
MPs
de Temer tratam da redução dos ministérios, de propostas para a recuperação da economia,
de alteração nas regras de financiamento estudantil (retirada de subsídio aos bancos) e até de um recuo: a recriação do Ministério da Cultura.
A excessiva edição das medidas
é uma reclamação antiga de congressistas alegando
que, muitas vezes, o Executivo usa o mecanismo para assuntos que não têm nem urgência nem relevância.
Outra reclamação é que,
por terem prazo de tramitação de
até 120 dias,
as
MPs
acabam tendo prevalência sobre projetos de interesses de deputados e senadores, que se queixam de desequilíbrio entre os poderes.
Até agora, o presidente em exercício
só mandou um projeto ao Congresso, a emenda que estabelece teto para gastos públicos.
O Palácio do Planalto não se manifestou sobre o assunto.
Nos bastidores, um auxiliar presidencial revelou que o alto número de
MPs
foi motivado pela urgência de Michel Temer de mostrar trabalho para retirar o país da crise e retomar a confiança.
Dos presidentes desde o fim da ditadura, ele é o único que já foi presidente da Câmara dos Deputados,
durante os governos FHC e Lula
e, por isso, viu
de perto o
problema de excesso de
MPs.
Dilma, em seus dois primeiros meses de 2011 editou
4
MPs, e
3 em igual período de 2015.
Lula alterou
6 em 2003 e 13 em 2007, ambos do PT, recorreram menos à edição de
MPs
na largada de seus mandatos. O
petista
mais que dobrou a edição de medidas
no início de 2007 em função do lançamento do
Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
No início das gestões de Fernando Henrique Cardoso (PSDB), o tucano editou somente
uma medida nos dois primeiros meses de 1995 e nenhuma em 1999.
Collor, por sua vez,
apresentou um pacote de tentativa de controle da inflação,
que acabou fracassado,
por meio de 27
MPs. Itamar Franco editou 4
medidas provisórias
em seus dois primeiros meses de governo.
A medida provisória é um ato do presidente da República que pode ser tomado sem consulta prévia ao Congresso, tendo
força de lei e
validade imediata, assim que é publicada no "Diário Oficial da União".