Advogado de Lula diz que Moro se tornou um 'juiz acusador'
Zanin também avalia que o juiz determinou um número excessivo de medidas contra o ex-presidente Lula
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O criminalista Cristiano Zanin, advogado do ex-presidente Lula, conversou com o jornal Folha de S. Paulo e fez comentários sobre a imparcialidade do juiz federal Sérgio Moro.
Segundo o advogado, Moro, que é responsável pela Lava Jato, se tornou um "juiz acusador" e não age com imparcialidade para tratar os inquéritos sobre o petista.
Zanin também avalia que o juiz determinou um número excessivo de medidas contra o ex-presidente Lula e já indicou nas apurações um "juízo de valor" desfavorável a Lula.
A reportagem tentou contatar Moro mas ele disse que não iria comentar o assunto.
Questionado sobre o fato de Lula não ocupar cargo público e se as investigações em relação a ele na Lava Jato devem ser realizadas na primeira instância, Zanin explicou:
"Em princípio, qualquer assunto que diga respeito ao ex-presidente deve ser levado a um juiz de primeiro grau. Porém, isso não significa que deve ser levado ao juiz Sergio Moro. Nós não reconhecemos a competência de Moro, seja porque os assuntos que foram levados a ele sobre o ex-presidente não têm nenhuma relação com Curitiba, seja porque não há nenhum elemento concreto que possa vincular esses assuntos à Petrobras e, por consequência, à Lava Jato. Outro aspecto é que o procurador-geral da República pediu que o ex-presidente fosse incluído em uma investigação que está tramitando no Supremo Tribunal Federal. Entendemos que, se o procurador-geral fez esse pedido, não é possível que se tenha ao mesmo tempo uma investigação sobre o mesmo fato tramitando no Supremo e em primeiro grau".
Além disso, o advogado de Lula comentou que em "um ofício remetido pelo juiz Moro ao Supremo Tribunal Federal no dia 29 de março, o juiz fez 12 acusações contra o ex-presidente Lula e as pessoas que participaram das conversas telefônicas".
"Nesse momento, o juiz sai da figura do juiz imparcial e passa a ser um juiz acusador, figura incompatível com as garantias constitucionais do devido processo legal", avaliou Zanin.