Carta de Dilma a senadores deve cutucar Temer e reconhecer erros
Dilma adiou a divulgação e o texto deve ser entregue nesta semana aos senadores
© Reuters / Paulo Whitaker
Política Afastada
A presidente afastada Dilma Rousseff (PT) prepara uma carta para ser entregue aos senadores. No documento, a petista pretende fazer críticas indiretas ao presidente interino Michel Temer e se comprometer com o Senado a assesurar a independência das investigações da Polícia Federal.
Além disso, Dilma deve confirmar que, caso retorne ao cargo, não indicará para sua equipe de governo condenados por corrupção. Os argumentos de Dilma cutucam o fato de que dois ministros de Temer deixaram os cargos por críticas à Lava Jato.
A reportagem da Folha de S. Paulo ouviu petistas e aliados, com os quais Dilma conversou sobre a carta que enviará nesta semana aos senadores. A presidente afastada também pretende defender o amplo direito de defesa e irá chamar de "golpe" o seu afastamento.
Dilma adiou a divulgação do documento e passou o final de semana revisando a carta. A petista ainda pretende fazer ajustes de última hora nesta segunda (15).
O texto da presidente afastada também expõe o reconhecimento de que a crise atual é grave, no entanto, poderá ser superada apenas com alguém que tenha a legitimidade do voto popular.
Enquanto isso, o governo interino tem contado com recuos na área econômica e dificuldades no Congresso. A equipe de Temer tem promovido uma ofensiva junto ao setor empresarial com receio de perda de apoio na fase final do processo de impeachment.
Ainda de acordo com a publicação, petistas e aliados revelaram que a presidente afastada pretende reconhecer que cometeu erros à frente do Planalto. Porém, Dilma deve frisar que não praticou nenhuma ilegalidade, e prometerá medidas para a retomada imediata do crescimento e a recuperação do emprego. Dilma deve também se comprometer a ouvir previamente a sociedade.
A petista também vai defender a convocação de um plebiscito para consultar a população sobre uma nova eleição presidencial e sobre uma reforma política. Dilma quer esclarecer que a prerrogativa é do Congresso, mas que endossará a iniciativa.
O texto da presidente afastada estava previsto para a semana passada, quando foi votada a pronúncia no Senado. No entanto, Dilma adiou a divulgação e a carta deve ser entregue nesta semana aos senadores. O processo final do impeachment está marcado para o dia 25 de agosto, no Plenário.