Confira como foi o debate entre Freixo e Crivella na TV Globo
Candidato do PSOL atacou, enquanto o candidato do PRB se esquivou no último debate entre eles na TV
© Reprodução / TV Globo
Política Rio de Janeiro
No último debate pela Prefeitura do Rio na televisão, ocorrido nesta sexta-feira (28), os candidatos Marcelo Crivella (PRB) e Marcelo Freixo (PSOL) entraram com propostas distintas. Enquanto Freixo manteve o tom de ataques e de tentar marcar diferenças entre os candidatos, Crivella entrou com tom mais ameno, tentando sempre se esquivar das provocações do rival, muitas vezes devolvendo afirmações com ironias.
Na primeira pergunta, Freixo fez menção a trecho de um vídeo em que Crivella diz que "a mulher tem que obedecer mais aos homens". O senador evitou o embate, falou do seu próprio casamento e aproveitou para apresentar proposta de criação de 20 mil creches.
"O meu casamento é talvez a melhor resposta. Sou casado há 36 anos com a minha primeira namorada, tenho três filhos e dois netos. Se não tratasse as mulheres bem, não teria um casamento como esse", disse.
"Ter uma ideia dessa em pleno século 21 que a mulher tem que ser submissa é grave. O preconceito alimenta a violência", respondeu Freixo.
Crivella disse que a passagem era sobre a história bíblica de Adão e Eva, na qual ela nasceu da costela dele. "Ela não veio de cima ou de baixo, veio do lado do homem. Ela precisa estar lado a lado do homem", disse.
Quando teve a oportunidade de perguntar, Crivella questionou como evitar superfaturamento de obras públicas. "Primeira coisa eu não vou fazer aliança com Rodrigo Bethlem, Roberto Jefferson, Garotinho e ninguém do PMDB. Hoje, 60% dos contratos da prefeitura são feitos com dispensa de licitação", disse Freixo.
"Eu quero acalmar o Freixo que eu não vou leiloar cargos e nem fazer as alianças que ele cita". Na metade final do primeiro bloco, Freixo questionou sobre o fato de Crivella ser sobrinho do fundador da Igreja Universal bispo Macedo. "Qual o projeto de poder da Igreja Universal?", questionou o socialista.
Crivella respondeu que essa discussão já foi "toda desmentida". "Meu Deus do céu, o Freixo não desiste. É uma obsessão. Há três semanas que ele fala disso. Você em casa não está preocupado com a minha religião. Você está preocupado com saneamento, transporte. Você está preocupado com a minha igreja? Claro que não".
"É evidente que há um projeto de poder. Os integrantes do seu partido, o PRB, são quase todos bispos da igreja. Quando você foi ministro da Pesca, não faltou peixe da sua igreja no ministério. Muitos dos seus assessores eram bispos", disse Freixo.
Nos blocos seguintes, Crivella se esquivou dos ataques e devolvia com ironias. Quando questionado sobre a participação na campanha de Crivella de Rodrigo Betlhem, ex-secretário de assistência social de Paes envolvido em esquema de corrupção, Crivella fez troça.
"Freixo, você como defensor dos direitos humanos quer que a pessoa fique presa em casa? Eu não posso impedir as pessoas de circularem nas ruas"."Você quer me convencer que ele estava passando na rua e resolveu participar do seu comício?", rebateu Freixo.
Também houve ataques quando foi citado episódio recente no qual uma equipe da campanha de Crivella esteve na casa da viúva do pedreiro Amarildo, na Rocinha.Na ocasião, a campanha foi gravar um depoimento da viúva e teria induzido a mulher a fazer críticas a Freixo. Ela registrou queixa conta a campanha do senador na delegacia disse que foi induzida a utilizar drogas.
Crivella lembrou que o filho de Elizabete da Silva desmentiu o episódio e disse que a campanha virou uma miríade de ataques porque Freixo foi o primeiro a subir o tom.
"Esse assunto é sério e você não deveria fazer brincadeira com isso. Eu sempre ajudei aquela família e você estava ao lado do Sério Cabral [governador do Rio à época]", disse Freixo.
Crivella instou o rival à voltar "às propostas" e emendou uma pergunta sobre turismo de negócios, em que afirmou que para desenvolver o setor é preciso que haja bom relacionamento entre a prefeitura e o Governo Federal.
"Você começou o segundo turno dizendo fora Temer. Como vai conseguir atrair eventos, muita vezes apoiados pelo governo federal, para o Rio?". Freixo questionou sobre processo que foi arquivado no STF sobre duas supostas empresas que Crivella manteve em paraísos fiscais.
"Foi arquivado porque não tinham as empresas. O Freixo quer ser meu biógrafo. Você como defensor dos direitos humanos não deveria acusar sem provas".
Nas considerações finais, Crivella afirmou que não participou de alguns debates e entrevistas porque não tirou licença no Senado, onde cumpre mandato. "Diferentemente do Freixo, que continuou na Alerj, recebendo do Estado durante a campanha".
"Eu fui trabalhar na Alerj e nos dias que não fui pedi para ser descontado", disse Freixo, que foi interrompido por manifestações da plateia. Ele teve seu tempo compensado pela direção do programa.
Crivella disse que é o candidato com mais maturidade ao cargo, que "pode suportar o calor disso tudo e manter a calma". "É preciso fazer aliança. Chega de briga, de desunião e ódio".
Freixo pediu voto aos indecisos e usou um mote da campanha do adversário para contrapor suas ideias. "Eu não estou a serviço de nenhum bispo. Eu vou governar com uma aliança, sim. Uma aliança com você. Não preciso cuidar das pessoas. eu preciso governar com as pessoas", disse.
ATAQUES NA CAMPANHA
Os candidatos, que foram cordiais um com o outro no primeiro turno, passaram a se atacar na segunda parte da campanha. Foi iniciada uma campanha de ataques nas redes e na propaganda eleitoral de TV, o que levou a um recorde nos pedidos e concessão de direito de resposta.
Havia a dúvida se Crivella participaria do último embate ao vivo, já que, na frente das pesquisas e alegando sofrer perseguição da imprensa, não participou de sabatinas da rádio CBN e do jornal O Globo e não compareceu à entrevista do RJTV.
PESQUISA
A última pesquisa Datafolha, divulgada quarta-feira (26), mostrou que Crivella se manteve à frente da disputa, com 63% das intenções de votos válidos, contra 37% de Freixo. Considerados os votos totais, a pesquisa identificou que 27% dos eleitores ainda não escolheram nenhum dos candidatos.
Diante da indecisão -parte do eleitorado do Rio tem se manifestado a favor do voto nulo-, os candidatos usaram a última semana para desgastar a imagem do adversário, no objetivo de amealhar a fatia dos indecisos.
Os dois candidatos também buscaram reforçar o apoio de suas militâncias na última semana -Freixo e Crivella fizeram comícios no centro do Rio, na quarta e quinta-feira, respectivamente. Com informações da Folhapress.
Leia também: Brasil se prepara para o 2º turno das eleições municipais