Dono de imóvel usado por Lula diz que aluguel era pago com serviço
Investigadores acreditam que Costamarques tenha recebido R$ 800 mil da DAG Construtora em 2010 para adquirir o imóvel; engenheiro não comprovou recebimento dos pagamentos
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Política Acusação
O engenheiro Glaucos da Costamarques contou aos investigadores da Operação Lava Jato que o aluguel de um apartamento usado pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, vizinho ao que ele mora em São Bernardo do Campo, era repassado diretamente a ele por Roberto Teixeira, advogado e amigo do petista.
De acordo com matéria da Folha de S. Paulo, Costamarques disse ainda que Teixeira não pagava o aluguel, pois o valor era usado como compensação por uma "assessoria sobre imóveis" que ele prestava.
Os investigadores acreditam que Costamarques tenha recebido R$ 800 mil da DAG Construtora em 2010, que havia sido repassado pela empreiteira Odebrecht, para adquirir o imóvel. Esta denúncia foi aceita pelo juiz Sérgio Moro no dia 20 de dezembro.
De acordo com a matéria, um dos principais argumentos da acusação é o fato de Lula não pagar aluguel pelo uso do apartamento. Mesmo tendo declarado os pagamentos no imposto de renda, os débitos não foram localizados pelos investigadores em suas contas.
Em seu depoimento, o engenheiro afirma que alguns pagamentos foram feitos em dinheiro vivo e que comprou o imóvel em 2010, quando o petista era presidente, pois acreditava que seria "um bom negócio". Esta declaração, inclusive, levantou suspeitas dos investigadores, pois, se Costamarques comprou o apartamento para investir, ele deveria receber pagamentos e ter o registro deles.
O engenheiro pagou R$ 504 mil por meio de cessão de direitos hereditários do espólio do proprietário anterior, que morreu em 2009, e nunca chegou a transferir o imóvel para o seu nome. Costamarques explicou que para isso os herdeiros deveriam pagar o imposto de transmissão, o que nunca aconteceu.
Uma das herdeiras disse que quando foram feitas as negociações, acreditava que quem compraria o apartamento seria o próprio Lula.
Moro aceitou a denúncia "diante dos indícios de que foi adquirido com proventos do crime" e afirma que o apartamento, na verdade, era do ex-presidente.
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