Em nota, Odebrecht diz que delações e leniência foram voluntárias
Empresa afirma que não há 'conflitos entre integrantes ou ex-integrantes' do grupo
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Política Resposta
A reportagem divulgada na última segunda-feira (13) pela Folha de S. Paulo, que revelou que os executivos e ex-executivos da empreiteira Odebrecht guardam mágoas do herdeiro da empresa, Marcelo Odebrecht, por ele ter dividido a responsabilidade com os seus funcionários, gerou uma resposta da empresa, que afirma que os acordos de delação premiada e de leniência com a Lava Jato foram feitos por todos de livre e espontânea vontade.
A nota enviada ao jornal pelo grupo baiano diz que "não é verídico que haja conflitos entre integrantes ou ex-integrantes [do grupo] relativos a este tema, como fazem supor as fontes da matéria".
A empresa disse ainda que, por conta dos acordos de sigilo com a Procuradoria, não pode comentar "temas específicos como os mencionados na reportagem", mas acredita "no esclarecimento maior dos fatos no futuro".
Leia a íntegra da carta:
"O acordo de leniência firmado pela Odebrecht junto ao Ministério Público Federal (MPF) teve como ponto de partida os fatos apresentados espontaneamente nas colaborações das pessoas físicas (executivos e ex-executivos). Mas o objetivo da leniência é coletivo, não individual. Todos na empresa estão imbuídos deste espírito, com o objetivo de ajudar a reformar as relações entre as empresas e o Poder Público. Com esta mudança de atitude e baseado no Compromisso Público de Ética, Transparência e Integridade, a empresa está buscando recuperar a confiança da Sociedade. Além disso, a Odebrecht já vem há tempos implantando as melhores práticas de governança e conformidade –que inclusive estarão sob escrutínio de monitor independente, por um período de três anos.
O procedimento de homologação das colaborações das pessoas físicas já está concluído e nele foi confirmado pelo STF que todos os relatos foram feitos de forma espontânea e voluntária. Sendo assim, e baseado em informações colhidas pela empresa internamente, não é verídico que haja conflitos entre integrantes ou ex-integrantes relativos a este tema, como fazem supor as fontes da matéria.
Em virtude do sigilo previsto no acordo com o MPF, a Odebrecht tem limitações para se pronunciar publicamente sobre o teor das colaborações das pessoas físicas e da leniência firmada pela empresa. Esta restrição impede que a empresa se pronuncie inclusive sobre temas específicos como os mencionados na reportagem em referência. A Odebrecht, porém, acredita no esclarecimento maior dos fatos no futuro.
Importante também ressaltar, conforme tem afirmado o MPF em suas manifestações, que as colaborações das pessoas físicas e o acordo de leniência têm alta relevância pública, devido ao valor dos fatos e dados apresentados pela Odebrecht, que contribuem para a continuidade e aprofundamento das investigações em curso."
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