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Caixa dois é trapaça e atentado à democracia, diz Moro

Declaração foi dada durante evento na Universidade Harvard, em Boston

Caixa dois é trapaça e atentado
à democracia, diz Moro
Notícias ao Minuto Brasil

20:32 - 08/04/17 por Folhapress

Política Estados Unidos

O juiz Sergio Moro disse, neste sábado (8), em um evento na Universidade Harvard, em Boston, que o caixa dois de campanha é uma "trapaça, um atentado à democracia" e é "pior" do que a corrupção praticada para benefício próprio.

"Me causa espécie quando alguns sugerem fazer uma distinção entre a corrupção para fins de enriquecimento ilícito e a corrupção para fins de financiamento ilícito de campanha eleitoral", afirmou. "Para mim, a corrupção para fins de financiamento de campanha é pior que o de enriquecimento ilícito."

Moro exemplificou seu argumento dizendo que pegar uma propina e colocar em uma conta na Suíça é crime, mas o dinheiro "não estará fazendo mal a mais ninguém naquele momento".

"Agora se eu utilizo para ganhar uma eleição, para trapacear uma eleição, isso para mim é terrível. Eu não estou me referindo a nenhuma campanha eleitoral específica, estou falando em geral", disse, na Brazil Conference, evento organizado por alunos brasileiros em Harvard.

A jornalistas, depois de sua fala, Moro disse que a tipificação do crime de caixa dois hoje é "imperfeita" e defendeu pena maior para esse crime. "[É preciso] uma melhor descrição do crime [de caixa dois] e precisa de uma elevação da pena, que não seja tanto quanto corrupção, mas precisa ser maior do que a prevista hoje."

Ao chegar no auditório lotado, no qual esteve menos de duas horas antes a ex-presidente Dilma Rousseff, Moro foi aplaudido de pé por praticamente toda a plateia.

Durante a exposição, o juiz criticou o Congresso por não avançar com o pacote de medidas anticorrupção do Ministério Público. Ele ainda disse que desfigurar as propostas é "muito grave".

"Democracia é isso aí, apresentar propostas a nossos representantes eleitos. Não acho que tem necessidade de aprovar integralmente [as dez medidas], mas o parlamento tem de ter sensibilidade em relação aos anseios de uma sociedade que se indignou com esses casos graves de corrupção", afirmou. "Se não aprovarem essas, aprovem outras." Com informações da Folhapress.

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