Helicóptero de deputado levava droga
Uma operação das Polícias Federal e Militar na fronteira entre Minas Gerais e Espírito Santo, no domingo, levou à captura de um helicóptero com 443 quilos de pasta de cocaína e à prisão de quatro pessoas. A polícia constatou que o aparelho é da família do senador Zezé Perrella (PDT-MG) e quem o pilotava era Rogério Almeida Antunes, funcionário da Assembleia Legislativa mineira, que estava lotado na 3.ª Secretaria e servia ao filho do senador, deputado Gustavo Perrella (SDD).
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Exonerado já na segunda-feira - a decisão deve sair hoje no Minas Gerais, o diário oficial do Estado - , Antunes, 36 anos, era empregado da Limeira Agropecuária e Participações. Ele só perdeu o cargo da Assembleia, onde recebia R$ 1.700 mensais, depois que sua ligação com a Casa se tornou pública. A Limeira foi fundada pelo senador e hoje pertence a Gustavo, à sua irmã Carolina e a um sobrinho do senador, André Almeida Costa.
A prisão de Antunes ocorreu no domingo em Afonso Cláudio (ES). Além dele foram presos o copiloto Alexandre José de Oliveira Júnior, de 26 anos, Róbson Ferreira Dias, de 56, e Everaldo Lopes de Souza, de 37.
Titular da 3.ª Secretaria da Assembleia mineira, o deputado Alencar Silveira Júnior (PDT) confirmou que a indicação de Antunes partiu de Gustavo Perrella, que preside a Comissão de Turismo da Casa. "As indicações são feitas pelos presidentes das comissões. Todos os documentos exigidos foram apresentados pelo rapaz. Nem eu nem o presidente da Assembleia temos como contestar nenhuma indicação", disse Alencar.
Ele não sabe informar o tipo de serviço que era prestado por Antunes e nem se ele comparecia à Assembleia - controle que, segundo ele, cabe à direção da Casa ou ao gabinete do deputado ao qual ele respondia. "Cada deputado tem direito a nomear até 24 funcionários", avisou.
Furto. Gustavo Perrella disse que vai acusar Antunes de furto porque ele "não tinha autorização" para fazer o voo que resultou na prisão em flagrante. Segundo a assessoria da Casa, a Antunes era encarregado de "serviços gerais". A assessoria explicou, ainda, que não há controle da direção sobre o ponto ou o trabalho executado pelos assessores. Ao tentar contato com o deputado, o Estado foi informado de que ele estava em Brasília.
A captura do helicóptero da Limeira para o transporte dos 443 quilos de pasta de cocaína não é o primeiro episódio policial a envolver a empresa da família Perrella. Em 2011, o Ministério Público Estadual abriu procedimento para investigar a evolução patrimonial de Zezé Perrella, então presidente do Cruzeiro, após se divulgar que ele teria uma fazenda avaliada em R$ 60 milhões.
Um ano antes, ao assumir no Senado, na vaga de Itamar Franco, ele havia declarado à Justiça Eleitoral um patrimônio de R$ 490 mil. Na ocasião, afirmou que a fazenda pertence à Limeira e que esta foi transferida para seus filhos e o sobrinho. As informações são do jornal O Estado de S. Paulo.