'Greve foi só o começo', diz Paulinho da Força em ato de 1º de Maio
"Se o governo não entendeu, vai ter mais", afirmou o parlamentar
© Câmara dos Deputados / Zeca Ribeiro
Política Dia do Trabalho
A greve geral de sexta-feira (28), "a maior paralisação da história do Brasil", pode ter sido só o começo, disse o deputado Paulo Pereira da Silva, o Paulinho da Força (SD-SP).
"Se o governo não entendeu, vai ter mais", afirmou o parlamentar nesta segunda (1), na festa da Força Sindical para o Dia do Trabalho.
Presidente da Força, uma das maiores centrais sindicais do país, ele integra a base governista e foi um apoiador de primeira hora do impeachment de Dilma Rousseff (PT) -na votação da Câmara, fez uma paródia de "Para Não Dizer que Não Falei de Flores", de Geraldo Vandré ("Dilma, vai embora que o Brasil não quer você/Leve o Lula junto e os vagabundos do PT").Agora, junta-se a outras centrais historicamente alinhadas ao Partido dos Trabalhadores, como a CUT, no repúdio às reformas trabalhista e previdenciária defendidas pelo presidente Michel Temer.
Faria tudo de novo, disse. "Não me arrependo [de apoiar a saída de Dilma]. A crise é muito profunda, comeu 8,5% de R$ 6 trilhões de PIB nos últimos anos."Ele defende uma "reforma civilizada". O problema, segundo o deputado, é que "a crise deveria ser dividida", mas, do jeito que as reformas foram colocadas, "são os trabalhadores que pagam".
"Cadê a participação dos banqueiros? Sexta foi só o pontapé."
As propostas de Paulinho vão contra a maré governista. Ele sugere, por exemplo, que a idade mínima para se aposentar seja de 58 anos para mulheres e 60 para homens. A equipe econômica de Temer defende piso de 65 anos para todos.Em 2017, a Força realiza sua 20ª festa para o Dia do Trabalho.
O que esperar da comemoração: sorteio de 19 Hyundai HB20 0 km (para concorrer, bastava responder no cupom "qual é a central sindical que faz o maior 1º de Maio do mundo?"); sertanejos sensação, como Michel Teló e as duplas Maiara e Maraisa e Zezé Di Camargo e Luciano ("só tem top!", dizia o mestre de cerimônias); distribuição de trufas da Cacau Show; patrocínio de Hyundai, banco BMG e governo federal.
O que não esperar: convidados como o ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha (PMDB-RJ) e o senador Aécio Neves (PSDB-MG), estrelas da festa de 2015 e hoje num inferno astral político patrocinado pela Lava Jato.
O próprio Paulinho está na lista de investigados pelo Supremo Tribunal Federal.Entre as suspeitas que pairam sobre ele: segundo delação de ex-executivos, a Odebrecht bancou eventos do Dia do Trabalho organizados pela Força. Em troca de pagamentos, o sindicalista também teria ajudado a empreiteira a desmobilizar greves nas regiões Norte e Nordeste.
"Nenhum problema. Foi um patrocínio como o de qualquer outra empresa", afirmou Paulinho sobre o suporte financeiro da Odebrecht. (Folhapress)