Mala com R$ 1,5 milhão de caixa 2 foi levada em assalto
Informação veio à tona durante depoimentos de Mônica Moura e André Santana
© Reuters / Rodolfo Buhrer
Política Delação
Um dos pagamentos de caixa dois, no valor de R$ 1,5 milhão, feito pela Odebrecht para a campanha presidencial da chapa Dilma Rousseff e Michel Temer, em 2014, foi roubado durante assalto a um táxi, quando André Santana, assistente da empresária Mônica Moura, mulher do marqueteiro João Santana, havia acabado de pegar o dinheiro.
A informação foi dada por Mônica e André, durante depoimento de delação premiada aos investigadores da Lava Jato, nessa quinta-feira (11). A quantia, segundo eles, havia sido entregue como de costume, momentos antes, em um hotel em São Paulo.
"Me apresentei na recepção e foi autorizada a minha subida pro quarto da pessoa que tinha que me apresentar. Recebi esse valor, coloquei na mala. Não dava pra contar esse valor, mas eu tinha contado pelo menos as cabeças né, os pacotes. E pela quantidade tinha 1 milhão e meio de reais", afirmou ele.
De acordo com Santana, dois carros grandes com sirenes de polícia fecharam o táxi. Homens vestidos de preto fizeram o assistente dos marqueteiros descer e pegaram a bagagem recheada de dinheiro no porta-malas.
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Ele conta que foi colocado em um dos carros e levado para uma rua residencial, onde foi solto logo em seguida. "Me perguntaram se eu precisava de dinheiro pra pegar um táxi. Me liberaram e informaram que iam depois me dar o celular que eles levaram", relatou Santana.
Segundo informações do portal G1, já no hotel onde estava hospedado, o funcionário entrou em contato com Mônica Moura, que logo desconfiou de armação, já que os únicos que sabiam da entrega eram ela, André Santana e o lobista Fernando Antônio Falcão Soares, conhecido como Fernando Baiano, que teria sido o responsável pela entrega.
Mônica disse ter ligado para ele ameaçado falar com Hilberto Mascarenhas, chefe do "setor de proprina" da Odebrecht. "Ele falou assim: 'olha, não vamos mexer nisso. Não conversa com o Hilberto, não. Faz o seguinte. A gente vai repor esse dinheiro'", disse Mônica.
Em nota, a assessoria de Dilma Rousseff afirmou que João Santana e Mônica Moura "prestaram falso testemunho" e "faltaram com a verdade.
Leia nota na íntegra:
Sobre os depoimentos sigilosos de João Santana e Monica Moura, liberados na tarde desta quinta-feira, 11 de maio, a Assessoria de Imprensa de Dilma Rousseff destaca:
- Infelizmente, chega tarde a decisão do relator da Lava Jato no Supremo Tribunal Federal, ministro Edson Fachin, suspendendo o sigilo dos depoimentos de João Santana e Monica Moura.
- Há semanas, a defesa da presidenta eleita Dilma Rousseff havia feito tal pedido ao Tribunal Superior Eleitoral, a fim de apresentar suas alegações finais ao relator do caso das contas de campanha, ministro Herman Benjamin.
- A defesa foi prejudicada pela negativa do relator. Não foi possível cotejar os depoimentos prestados pelo casal à Justiça Eleitoral e na Lava Jato.
- As contradições e falsos testemunhos foram vislumbrados, apesar disso, pelo que foi divulgado amplamente pela imprensa, na velha estratégia do vazamento seletivo dos depoimentos – uma rotina nos últimos tempos.
- Agora mesmo, os depoimentos são entregues à imprensa, mas não repassados oficialmente à defesa da presidente eleita.
- Dilma Rousseff, contudo, reitera o que apontou antes: João Santana e Monica Moura prestaram falso testemunho e faltaram com a verdade em seus depoimentos, provavelmente pressionados pelas ameaças dos investigadores.
- Apesar de tudo, a presidente eleita acredita na Justiça e sabe que a verdade virá à tona e será restabelecida.