Ao menos seis ministros de Temer foram citados em delação da JBS
Acusações mais significativas atingem Gilberto Kassab (PSD), da Ciência, Tecnologia e Comunicações
© Ueslei Marcelino / Reuters
Política Investigação
Ao menos seis ministros do governo Temer foram citados na delação premiada da JBS, revelada neste mês. A Procuradoria-Geral da República (PGR) ainda investiga o envolvimento de autoridades com foro. Caso irregularidades sejam levantadas, o procurador-geral, Rodrigo Janot, deve pedir a abertura de inquéritos ao Supremo Tribunal Federal (STF).
As acusações mais marcantes envolvem quatro ministros: Bruno Araújo (PSDB), de Cidades; Helder Barbalho, da Integração Nacional; Marcos Pereira, (PRB), do Desenvolvimento, Indústria e Comércio Exterior e, sobretudo, Gilberto Kassab (PSD), da Ciência, Tecnologia e Comunicações.
Um dos donos da JBS, Wesley Batista, disse na delação que pagava R$ 350 mil mensais desde 2010 em contratos superfaturados de aluguel de caminhões a uma empresa ligada a Kassab. O montante chegaria a cerca de R$ 30 milhões.
O ministro da Ciência, Tecnologia e Comunicações também é citado na colaboração de Ricardo Saud, que disse que Kassab teria recebido R$ 7 milhões da JBS em acordo do PT com o PSD. A quantia foi paga em notas frias de uma empresa envolvendo um irmão do ministro.
Helder Barbalho também foi apontado por Saud. Durante a delação, o diretor de Relações Institucionais da JBS afirmou que sua campanha ao governo do Pará foi financiada com caixa dois e proprina. O delator declarou que seu pai, o senador Jader Barbalho, recebeu dinheiro nas eleições de 2014 para ter apoio do PMDB do Senado.
"Entendo que esses R$ 8,98 milhões o Jader direcionou tudo para a campanha do filho dele, candidato", afirmou Saud.
Marcos Pereira foi citado na delação de Joesley Batista. O dono da JBS afirmou que o ministro teria recebido R$ 4,2 milhões de propina por empréstimo de R$ 2,7 bi pela Caixa Econômica Federal.
Ainda de acordo com as delações, o ministro Bruno Araújo teria recebido R$ 200 mil para a campanha para deputado federal em 2014.
Outros dois integrantes da gestão Temer foram mencionados mais brevemente: Eliseu Padilha, da Casa Civil e Moreira Franco, da Secretaria-Geral da Presidência. Seus nomes foram citados como parte do grupo envolvendo o presidente e o ex-deputado Eduardo Cunha.
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