Governo está no 'início do fim', diz presidente do Senado em exercício
Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) ocupa a cadeira interinamente, já que Eunício Oliveira assumiu a Presidência devido à viagem do presidente à Alemanha
© Roque de Sá/Agência Senado
Política Sem sustentação
O presidente do Senado em exercício, Cássio Cunha Lima (PSDB-PB), afirmou nesta sexta-feira (7) que o governo Michel Temer está “no início do fim”. Cássio disse que o presidente da República não tem apoio popular e está perdendo sustentação no Congresso. Ele defendeu a entrega, pelo PSDB, dos cargos que ocupa na Esplanada dos Ministérios.
Na próxima segunda-feira (10), o deputado federal Sérgio Zveiter (PMDB-RJ) apresenta na Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara o relatório sobre a denúncia da Procuradoria Geral da República contra Michel Temer pelo crime de corrupção passiva. O Palácio do Planalto teme que Zveiter aprove o início do processo no Supremo Tribunal Federal (STF).
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"Nós podemos estar diante do início do fim, porque o presidente Michel Temer não tem nenhum apoio popular. Não tem apoio dos setores organizados da sociedade. Ele se sustenta basicamente com o apoio parlamentar. Se no seu próprio partido esse apoio estremece, é claro que poderemos ter um colapso no governo, com um efeito dominó que poderá levar a um desfecho de acolhimento da ação penal" afirmou Cássio. As informações são da Agência Senado.
Para Cássio Cunha Lima, o governo “revela fragilidade” e “dá sinais de preocupação” ao propor a substituição de parlamentares na CCJC. Dos sete deputados do PSDB na comissão da Câmara, seis já se manifestaram pela abertura da investigação contra Temer.
O senador também disse que uma eventual delação premiada do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha, preso em Curitiba, pode gerar “mais turbulência e mais tempestade para o governo”. De acordo com o presidente do Senado em exercício, a senha para o desembarque tucano pode ser a votação da reforma trabalhista no Plenário, marcada para a próxima terça-feira (11).
"A responsabilidade que nos impõe nesse momento é chegar até a votação da reforma trabalhista. E aí, ouvindo os deputados, pode ser que essa votação seja um marco, um momento importante para que isso aconteça", afirmou Cássio.
Os tucanos comandam quatro ministérios no governo Temer: Relações Exteriores, Secretaria de Governo, Cidades e Direitos Humanos. Ainda assim, o senador defende o desembarque da base aliada.
"O partido tem pago um preço político altíssimo por manter até aqui o apoio a um governo que é o mais impopular da história. O que o PSDB deve fazer é não abandonar os seus. Se é para fazer uma escolha entre abandonar a nossa bancada na Câmara ou abandonar os cargos confortáveis do governo, prefiro abandonar os cargos confortáveis", disse o senador.
Cássio Cunha Lima concedeu entrevista coletiva depois que a imprensa noticiou uma conversa que ele manteve com investidores na última quinta-feira (6). No diálogo, ele disse que “dentro de 15 dias o país terá um novo presidente”. Cássio confirmou a conversa. Mas disse o conteúdo “vazou parcialmente” e que a referência à duração do governo Temer “pode ter sido no máximo uma força de expressão”.