Zveiter sobre parecer de Temer: 'Não posso me desmoralizar, né'
O deputado federal terá pouco mais de uma hora para revelar seu voto "sucinto, objetivo e conclusivo"
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Política CCJ
Hoje é um dia decisivo para o presidente Michel Temer (PMDB). Será apresentado o relatório sobre a denúncia contra ele na CCJ (Comissão de Constituição e Justiça) da Câmara, na tarde desta segunda-feira (10). A responsabilidade fica a cargo do deputado federal Sergio Zveiter (PMDB-RJ).
Como apurou o portal UOL, Zveiter terá pouco mais de uma hora para revelar seu voto "sucinto, objetivo e conclusivo". Em entrevista ao portal, ele deixou escapar que não quer estar na "na mesma lama" em que a opinião pública tem colocado políticos alvos de investigação criminal.
Isso poderia acontecer caso o relator não aceite a denúncia do procurador-geral da República, Rodrigo Janot, que acusou Temer de ter praticado crime de corrupção passiva.
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"Eu tenho certeza absoluta de que não há possibilidade nenhuma de o meu nome estar na mesma lama --se é que algum nome está na lama na política-- porque eu não pratiquei nenhum ato que fizesse com que o procurador-geral da República [me denunciasse]", respondeu o deputado, que foi alvo de campanha promovida por artistas para votar contra Temer.
Zveiter disse que ficará feliz se, depois que ler seu voto e seu parecer, as pessoas olharem e falarem "poxa, esse cara se dedicou, se esforçou --claro, é um ser humano e portanto não é infalível-- e fez um trabalho digno, correto, que honra o fato de ser um parlamentar e pertencer ao Poder Legislativo'".
O peemedebista disse ainda que não levou em conta a baixa popularidade do denunciado, seu correligionário, para formular seu parecer --segundo a última pesquisa Datafolha, o governo Temer conta com 7% de aprovação, a pior avaliação de um presidente em 28 anos. "Eu tenho que fazer o meu trabalho. A minha consciência é que manda", afirmou Zveiter.
"Vamos dizer que fosse o contrário: se o presidente estivesse com 80% de aprovação e eu chegasse à conclusão de que a denúncia tem fundamento. Aí só porque ele tem aprovação alta eu ia dar um parecer [contra a denúncia]? Eu não estou decidindo com base em pesquisa eleitoral, estou decidindo com base na Constituição da República e no Regimento Interno. Sou advogado, não posso me desmoralizar, né?" argumentou.